domingo, 29 de dezembro de 2013

Sobre acidente com Anderson Silva-28/12/2013


São muito fugazes os títulos e glórias da nossa humana existência. Um simples movimento em falso pode atirar qualquer um de nós ao solo, mesmo o "melhor do mundo" , na mais profunda dor e humilhação. Paz e sabedoria para o nosso Cavaleiro Ferido.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

JESUS MENINO GOSTA DE PAPAI NOEL? ou NATAL É TEMPO DE FALSIDADE?


JESUS MENINO GOSTA DE PAPAI NOEL? ou NATAL É TEMPO DE FALSIDADE?

Uma fala que se ouve muito no período de Natal: “As pessoas ficam afastadas o ano inteiro, mal se falam, e no Natal fingem-se de amigas, de boazinhas. Só falsidade!”. “Brigam o ano inteiro e no Natal confraternizam!”
Será? Não poderíamos considerar que no Natal, e também em outras datas especiais, as pessoas ficam mais sensíveis e predispostas a expressar o melhor que têm dentro de si? A energia que se expande e potencializa em certas épocas, não tocaria de modo diferente os sentimentos e as emoções, ativando qualidades positivas?
É certo que essas expressões de afeto acontecem mais no Natal. Mas acontecem no Círio, na Páscoa, no aniversário, nos momentos de tragédias, na doença, no nascimento. Pode até, em alguns casos, ser um movimento fugaz, mas nem por isto menos verdadeiro.
Não vivemos todos os sentimentos o tempo todo. Em cada um de nós eles se manifestam de um modo e de acordo com as circunstâncias. Podemos ser tomados de uma emoção totalmente nova, positiva ou destrutiva, por algo que antes não nos tocava. Ou oscilamos entre um sentir e outro, diante do mesmo fato externo.
Há alguns anos atendi em meu consultório uma pessoa que dizia: “meu pai é um falso: em casa é um tirano com os filhos e com a minha mãe, mas na igreja ele trabalha num projeto social e atende as pessoas com todo carinho e gentileza”. Refleti com ela: será verdade que seu pai é falso, ou ele só consegue manifestar o seu lado bom e generoso em determinadas condições?”.
Outra fala que é recorrente nesta época: “as pessoas só pensam em presente e festa e esquecem o aniversariante. Não vivem o sentimento cristão” .
O que será ser cristão? Emocionar-se com o Papai Noel não é cristão? Não estará fazendo um movimento cristão aquele que se dispõe a espremer-se numa fila para comprar uma “lembrancinha” para o outro? Não expressa amor o parente que reserva parte de suas economias para brindar a família com a dádiva de uma ceia? Não é cristão quem abraça, com emoção, o colega de trabalho que ignorou o ano todo? Esses gestos simples podem ser genuínos movimentos do coração. É necessário dar nome ao gesto? Pois foi a respeito de disponibilidade para o outro, para o próximo, que o Cristo ensinou. Nenhum de nós tem um Raio-X para avaliar o que vai no coração do outro. Presunção achar que podemos medir a carga de emoção cristã que vai no ato de dizer: "Feliz Natal”...
Quando ouço esses vereditos, na rua, ou nas pregações religiosas, minha criança interna fica a fantasiar: será que o Menino Cristo, como qualquer criança, vai ficar encolhido num cantinho, magoado e triste porque não ganhou presente? Ou ressentido, porque a maioria das pessoas não falou o nome dele? Imagino que o Cristo Menino, como qualquer pequeno, está mais interessado é em correr para o colo quente do Papai Noel. Imagine só o quanto os dois têm para conversar...
Cristo não ensinou mais nada além do amor. “Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem”. Pequenos gestos podem significar formas singulares de amar. Cada um vive o amor como sabe viver. E há os que nem conhecem o Cristo das religiões, mas vivem o Cristo que se manifesta no gesto comum de cada dia. Por exemplo, na emoção de abraçar, ou olhar de longe, o Papai Noel colorido e bonachão.
Esse Papai Noel que o comércio expõe, como forma de vender mais, fica pleno de significados na hora da emoção. Numa instância qualquer da alma de todos nós, meninos e meninas, crescidos ou ainda miúdos, Papai Noel é a expressão material e concreta de uma voz que ecoa há séculos: “Vinde a mim as Criancinhas”. Viva Papai Noel! Viva o Cristo Menino que está em nós!

Ray do Vale
Email: ray.vale@hotmail.com
BLOG: ray-vale.blogspot.com

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

GRUPO DE JOVENS Trabalho vivencial



Duas psicólogas: Ray do Vale e Denise Eiró juntaram-se com o propósito de realizar um trabalho em grupo, com jovens de 15 a 23 anos. A intenção é oferecer, através de trabalhos vivenciais, um espaço de suporte e apoio psicológico num momento em que, tanto jovens como pais, vivenciam muitas interrogações.

Vestibular,escolha da profissão, sexualidade, estar num curso superior sem saber se a escolha é correta; apelos de consumo; sexualidade; solidão, isolamento; a tirania do corpo belo, magro e sarado; choque de gerações, etc. etc. O que dizer a eles? Que perguntas eles não sabem fazer? Que respostas os pais não se atrevem a dar?

O grupo possibilitará:

Um espaço de escuta e acolhimento onde os sentimentos ditos “negativos” possam ser reconhecidos, expressos e trabalhados.
Permissão para expressar opiniões, sugestões, sentimentos, emoções, vivências, trocas, interações.
Na relação com os outros jovens eles poderão vivenciar o exercício de aceitar os próprios sentimentos, lidando com eles e com os sentimentos alheios, reconhecendo os limites de sua expressão e respeito pelos demais.

O grupo já iniciou. Mas estamos admitindo novos participantes.
Faixa etária média: dos 15 as 23 anos.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

PATHWORK e PATCHWORK.

Algumas pessoas confundem PATHWORK e PATCHWORK. São conceitos absolutamente diferentes.

PATCHWORK
Tradução literal: TRABALHO COM RETALHOS. É uma técnica de unir retalhos variados, compondo peças com diversas cores e formatos. São colchas, bolsas, almofadas, tapetes, etc. É o que se conhece popularmente como a “colcha da vovó”.

PATHWORK
Tradução literal: trabalho do caminho. É uma metodologia de autoconhecimento e autorrealização baseada em um conjunto de ensinamentos apresentados abordando diversos temas humanos, sob a forma de palestras. São 258 temas sistematizados pela austríaca Eva Pierrakos durante mais de 20 anos de trabalho.

sábado, 26 de outubro de 2013

ELA

Quem vê seu rosto cansado, com restinhos de lágrimas, nem imagina o quanto essa vitória é sua também. Quem foi pra cozinha fazer saladinha sem sal, proteina sem graça e grãozinhos sem sabor? Quem nocateou os muitos quilos que ele precisou perder? Quem foi que, mesmo sem precisar perder um grama de peso, fez a mesma dieta, perdeu quilos que não tinha, passou semanas comendo com ele, insosso e frugal? Quem deu apoio a ele, sem queixas, solidariamente amorosa e amorosamente solidária? Quem engoliu pratos de folhas de todas as cores, digerindo sem queixas o sacrifício? Quem ficou sozinha, enquanto ele estava concentrado? Quem compartilhou incertezas e dúvidas, quem ouviu confidências do Guerreiro Menino? Quem chorou o que ele não sabia chorar, derramando as lágrimas que ele não permitia? Quem sentiu medo pelos dois? Quem fingiu não sentir medo só pra dar o ombro a ele e às crianças? QUEM? Parabéns, Fabyola Vale Machida! Parabéns minha campeã!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

QUEM É ELE, QUEM É ELA?



Eu conheço uma mulher,
Tão absolutamente feminina,
Que não tem medo de ser menos,
Nem deseja ser mais.
Ela e ele são um e são dois.
Ela é.
Ele é.

Simbióticos, às vezes,
Separados, logo mais.
Há um alarme que desperta
E cada um sabe a hora certa,
De ir e de dar meia volta.
Cada um sabe o do outro
E o seu lugar.
Ninguém força a porta.

Eu conheço uma mulher
Que se enfeita e se sabe forte e bela.
Perfume e fantasia.
Leoa e Gazela.
Por ele e pela prole,
Enfrenta o mundo inteiro.
E em troca ela tem, com toda honra,
O respeito e o amor do seu Guerreiro.

Dá a ele reverências,
Com todos os louvores,
E é honrada com o perfume
De dos os amores.
Não se conta, não se pesa, não se mede.
É tudo natural.
Eles não conhecem
A contabilidade do casal.

Ninguém sabe quanto deu.
Quanto deve, quanto recebeu.
Quanto fica, quanto quer ganhar.
Quanto falta, quanto amar?
Se um é outro, o outro é um
Pra que contar?

Contadas mesmo, medidas, milimetradas,
Só as saladinhas inventadas
Verdes, verdes, rubras, amarelas,
Feitas para ele.
(Nada a ver com um Dragão Real!)
Grãos, folhas, verdadeiro matagal.
Temperadas de carinhos,
Mas insossas de sal.
(Ray do Vale
out/ 2013)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

GRUPO PATHWORK PARA JOVENS

VESTIBULAR, escolha da profissão, sexualidade, estar num curso superior sem saber se a escolha é correta; apelos de consumo; sexualidade; solidão, isolamento; exigência de padrões inalcançáveis; a tirania do corpo belo, magro e sarado; choque de gerações; sentimento de rejeição e de ser incompreendido; pânico, medo, perfeccionismo, depressão, competitividade.
São muitos os conflitos e angústias a que eles – nossos jovens, quase meninos, estão submetidos. Os efeitos dessas dores, quando são mal cuidadas, vemos todos os dias.

O Grupo de Estudos do PATHWORK pode ser um bom leme a ajudar nossos meninos e meninas a navegar nesse oceano tão cheio de riscos.

GRUPO EM FORMAÇAO - Faixa etária dos 15 as 23 anos.

Obs: a faixa etária pode variar um pouquinho, para mais ou para menos, dependendo do nível de maturidade do jovem. Faremos entrevista para avaliar.

VESTIBULAR, escolha da profissão, estar num curso superior sem saber se a escolha é correta; apelos de consumo; sexualidade e namoro; solidão, isolamento; exigência de padrões inalcançáveis; a tirania do corpo belo, magro e sarado; choque de gerações; sentimento de rejeição e de ser incompreendido; pânico, medo, perfeccionismo, depressão, competitividade.

São muitos os conflitos e angústias a que eles – nossos jovens, quase meninos, estão submetidos. Os efeitos dessas dores, quando são mal cuidadas, vemos todos os dias.

O Grupo de Estudos do PATHWORK pode ser um bom leme a ajudar nossos meninos e meninas a navegar nesse oceano tão cheio de riscos.

GRUPO EM FORMAÇAO - Faixa etária dos 15 as 23 anos.

Obs: a faixa etária pode variar um pouquinho, para mais ou para menos, dependendo do nível de maturidade do jovem. Faremos entrevista para avaliar.


domingo, 1 de setembro de 2013

AS ORDENS INCONSCIENTES DO AMOR


Muitas vezes carregamos e mantemos padrões destrutivos em nossa vida, doenças, situações limitantes e dificuldades diversas, por lealdade inconsciente a antepassados que nem connhecemos, ou ascendentes mais próximos.
A família é um sistema forte que tem a regê-lo uma ordem e um conjunto de leis. Quando essa ordem é transgredida numa geração, as gerações futuras tendem a buscar o equilíbrio.
As exclusões de pessoas da família, mortes prematuras, acontecimentos trágicos, segredos familiares, fugas de guerras e perseguições, conflitos por bens e heranças, ocorridos no passado, são as causas mais frequentes desses emaranhamentos.
A tentativa de quem adoece ou se desorganzia é reequilibrar o sistema. Muitas vezes sem ter consciência disto, as pessoas sensíveis representam esses antepassados, como que tentando trazê-los para seu lugar de dignidade.

sábado, 31 de agosto de 2013

AINDA SOMOS OS MESMOS... COMO NOSSOS PAIS!


Há um padrão emocional e comportamental presente na maioria dos filhos: a queixa, a cobrança e o ressentimento contra os pais. O motivo: não receberam amor, cuidado e atenção suficientes.
Às vezes isto fica expresso e verbalizado. Em outros casos são sentimentos inconscientes que, por ficarem encobertos, geram mais efeitos negativos na relação dessa pessoa com a vida.
E não estou falando de filhos que viveram situações extremas. Pessoas existem que experienciaram o abandono concreto, a crueldade, o abuso e a violência física, afetiva, psicológica. Para essas pessoas, geralmente é necessário um longo trabalho de reconstrução e realinhamento do que foi destruído. A psicoterapia pode oferecer amplos recursos para ativar potenciais internos da pessoa, ajudando-a a libertar-se da autoimagem deformada que a experiência negativa criou. Assim é possível liberar o próprio coração, deixando que os pais biológicos se vão, entregues à sua história e à sua responsabilidade.
Tratamos aqui dos que tiveram pais comuns, famílias “mais ou menos”, homens e mulheres que lutaram, tentando acertar. Falo de filhos que receberam aquele amor à moda da casa, do jeito e no tom que os pais podiam e sabiam dar; filhos de pais que beijaram, nutriram de peito e afeto, carregaram no colo, levaram na escola, aqueceram, choraram e se angustiaram com as pequenas febres; mães e pais que frequentaram pediatras, ofereceram, com esforço, a melhor escola, participaram de reuniões com a professora, subiram nas paredes para conseguir a melhor foto, emocionaram-se com os gaguejados discursos dos dias de festa.
Referimo-nos a pais que viveram um esforço genuíno na tarefa de criar os filhos; pais comuns, pessoas de boa fé, que passaram pela experiência de serem pais e mães, lutando com seus limites, cometendo erros e acertos, como acontece com todos os seres humanos em qualquer aspecto da vida. Pais que foram duros demais, moles demais, que passaram da conta, negaram, exageraram, perderam-se nos labirintos de suas próprias histórias familiares.
Que parte nossa se revela tão exigente e cobradora com esses lutadores sem nome? O que nos faz acirrar neles a culpa e o desencanto, quando já ultrapassaram as travessias mais penosas de suas próprias vidas? Vejamos. Existe dentro de cada um de nós uma criança – um aspecto nosso regredido e imaturo - que quer amor cem por cento, que deseja ser amada exclusivamente e sem limites. O desejo de amor de nossa criança interna é compulsivo e irreal. Ela quer tudo e muito mais!
Por outro lado, os pais dificilmente conseguem oferecer o amor que ela deseja, um amor maduro e genuíno. Se pudessem, a criança demandaria menos e ficaria mais satisfeita. Mas o amor dos pais quase sempre é tão imaturo quanto a fome da criança. Eles se perdem e se atrapalham na tarefa de serem bons pais: ou mimam demais, dando exageradas demonstrações de amor, na tentativa de compensar o amor real que não sabem dar; ou são severos demais, usando de uma autoridade dominadora, que não permite aos filhos que se desenvolvam e expressem na vida aquilo que são; ou tem dificuldades em dar limites, punir com equilíbrio, exercendo uma autoridade saudável.
Quando a autoridade boa, firme, saudável não é exercida, os pais fogem ao papel de guias e orientadores de seus pequenos filhos. Sem essa bússola, a criança segue com medo pisando o solo da vida e se perde na insegurança e na falta de rumo.
Por não terem recebido o suficiente, as crianças continuam carentes quando adultas. Muitas passarão a vida inteira, inconscientemente chorando por aquilo que não tiveram na infância. O efeito colateral é que elas também se tornarão incapazes de amar amadurecidamente, perpetuando-se a cadeia.
Uma boa terapia será aquela que possa facilitar a essa pessoa um ambiente seguro e acolhedor onde seja possível trazer à luz a ferida da infância. Um bom sinalizador de que começa o processo de autocura é quando ela já consegue receber o que esses pais puderam dar. No mínimo, o dom da vida. A isto chamamos aceitar e honrar a mãe possível, o pai possível.
Aos pais culpados resta buscar ajuda, tentando reconhecer que teriam feito melhor, se pudessem e se soubessem, rompendo-se a cadeia destrutiva do “eu te cobro Vs eu te devo e me culpo”.
Isto libera filhos e pais, deixando cada um com sua história e no seu lugar de dignidade. Cada um poderá tornar-se, então, pai e mãe de si mesmo. É o reencontro com o eixo saudável, a construção do presente sobre as experiências do passado.
Para alguns filhos chega um dia em que eles percebem - e aceitam - que pais perfeitos não existem. Chega a maturidade e as idealizações de pais heróis vão sendo demolidas. Geralmente isto acontece quando os filhos já tem seus próprios filhos – adultos. Sim, adultos, porque quando os filhos são crianças os antigos queixosos (agora pais) tentam, quase compulsivamente, ser pais e mães perfeitos. Seguem fórmulas, criam estratégias, certamente diferentes das que seus pais usaram.
Para seu desapontamento, descobrem mais tarde que acabaram reproduzindo partes da mesma história. Porque também são pais e mãe humanos. O ciclo continua. Os defeitos podem ser diferentes. Mas sentimentos de pais e filhos serão os mesmos. Até não se sabe quando...
(Ray do Vale)
BLOG: www.ray-vale.blogspot.com
Email: ray.vale@hotmail.com






segunda-feira, 5 de agosto de 2013

SENTIMENTO É PRA SENTIR!...

Os sentimentos negados são a causa de muitas doenças físicas e emocionais. Quando não são reconhecidos, eles incapacitam, inibindo a criatividade e obstruindo os impulsos construtivos. De tanto negá-los passamos a acreditar, com o passar do tempo, que a situação que os gerou foi superada e tocamos a vida. A má notícia é que, se eles não forem aceitos, se forem desconsiderados e reprimidos, não encontram o caminho da solução. Não se transforma o que não se quer ver.
Mesmo guardados sob pressão, por serem “feios” e “vergonhosos”, eles mantém sua força e o poder destrutivo. Esconder de nós mesmos os sentimentos ditos negativos, não significa resolvê-los. Melhor olhar de frente e admitir que existem e que estão em nós. A proibição de sentir os potencializa. Se ficam escondidos nos subterrâneos de nossa história, de lá eles pressionam para cima, nos comandando a vontade e contaminando nossa vida.
Quando surgem as depressões, insônias, alergias, ansiedades, furúnculos, doenças sem diagnóstico, queda de cabelo, baixa resistência imunológica, fibromialgias, inibições sexuais, ficamos a perguntar: COMO ISTO FOI ACONTECER?
Admitir a raiva, o medo, a tristeza, a vulnerabilidade são caminhos de saúde e bem estar. Não que devamos atirá-los sobre os outros. A questão é entre nós e nós mesmos. Admitir para curar. Identificar para buscar as raízes. Quando conseguimos abraçar nossas fragilidades humanas tornamo-nos aptos a buscar os caminhos da cura. Ter vergonha de quem nós somos retarda o crescimento e nos mantém na fragmentação e na máscara que nos faz adoecer.
(se quer ver mais sobre este tema, leia o artigo “Quando não dizer faz adoecer” no meu BLOG)
BLOG: www.ray-vale.blogspot.com

domingo, 4 de agosto de 2013

PARA LYOTO NA LUTA DE 03 AGO 2013

Nós queríamos que ele ganhasse. Claro que queríamos! O Brasil inteiro queria! O Pará, então, nem se fala. Ficamos tristes, silenciosos, com o coração apertado. Por ele, não por nós. Sabemos o quanto ele se preparou, o tempo de treino, a alimentação bem cuidada, a equipe dedicadíssima, a família apoiadora, a vida marcada por uma disciplina espartana. Mas, encarar esse tipo de situação é o preço de quem escolhe uma carreira em que um lado tem que vencer. Uma vez é de um, outra vez é de outro. A vida de todo atleta tem uma estatística: tantas vitórias, tantas derrotas.
LYOTO, nossa homenagem a você! Sua família, seus amigos, e seus fãs sabem que o resultado revelou dois bons atletas, ambos bem preparados e um deles, por circunstâncias várias, levou a melhor. Nossa homenagem ao homem de bem que você é. Ser um lutador de MMA é apenas um aspecto de sua existência, tão rica e tão cheia de valores espirituais e morais. O seu caráter impecável é o que lhe prepara para atravessar bem as vitórias e as derrotas em todas as LUTAS da vida. Mesmo ficando frustrado e triste por alguns dias.
Ganhar e perder são duas faces presentes na vida de cada um de nós. Que a Grande Luz te guie, sempre.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

QUANDO O ÓDIO DÁ AS CARTAS



Tenho acompanhado com alegria e esperança a onda de manifestações que acontecem em todo o País. Homens, mulheres e crianças, movem-se, corajosos, manifestando que estão descontentes. Em alguma coisa isto vai dar. Pode não ser o remédio heroico que vai curar todos os males mas, certamente, será algo que vai iniciar um processo de cura. A Natureza não dá saltos. Os processos sociais também não.
Mas me assusta o ódio. Não a raiva, mas o ódio. A raiva é a indignação boa, que impulsiona e nos faz reagir aos ataques ao nosso direito e à nossa dignidade, que nos faz reivindicar o nosso lugar. O que temo é o ódio. Não só o ódio que leva ao vandalismo e à quebradeira, mas o ódio que se expressa no pessimismo, no desânimo, na descrença, nas palvras chulas, nos insultos, no desrespeito seja a quem for. O ódio pode até substituir a indignação, pode até nos levar a algum lugar de conquista; mas o preço é alto e as sequelas se perpetuam no tempo, na história e na vida de cada um.

E NÓS?...

A mudança não passa por uma pessoa, por um governante ou parlamentar, considerado individualmente. Não vai adiantar muito matar o Feliciano, execrar o FHC ou o Sarney, atacar a Dilma com palavrões, agredir o Lula com insultos, nem condenar os bandidos da rua à pena de morte. O processo é mais amplo e mais profundo. Está em jogo um movimento gradual de transição para uma nova consciência. Antes das instituições estão os indivíduos que precisam, minimamente, conhecer e reconhecer, além dos seus direitos, o seu lugar, individual e social - o seu papel na vida.
As manifestações de massa apontam para o desejo de mudança. E isto é bom. Os governos e os parlamentos não se mantêm legitimamente se o povo não é escutado. Mas isto é apenas um ângulo de um conjunto muito mais complexo. E depois? Depois do grito virá a ação? A nossa ação. Como essa ação se tornará concreta e positiva? Qual é a nossa parte nisso, além de empunhar bandeiras e postar frases de efeito e ódio no Facebook? Talvez precisemos nos fazer algumas perguntinhas, bem mais silenciosas, sobre qual tem sido a nossa postura diante da vida comum de todo dia. Como está a minha passeata particular com os meus diversos “eus”? Perguntinhas singelas como: compareço às reuniões do meu condomínio, ou me omito e me limito a falar mal do síndico? Suborno o guarda de trânsito na esquina? Sonego imposto? Atiro lixo pela janela do carro? Compareço à escola do meu filho, ou falo mal dos professores? Falo do meu desagrado a quem me ofende, ou revido com fofoca? Ensino ao meu filho a devolver o troco que recebeu a mais? Ofereço condições dignas à trabalhadora que faz minha comida e lava o meu banheiro? Voto num candidato só porque ele é meu conhecido?
Nem precisamos responder. Perguntar apenas, já pode fazer um bom efeito. Quem sabe descubro que, no meu mundo interno mais quebro vidraças, incendeio ônibus e promovo a confusão e o medo do que faço algo construtivo.

Ray do Vale
ray-vale.blogspot.com


sábado, 15 de junho de 2013

O "EU" QUE SOMOS E O "EU" QUE INVENTAMOS


As crianças, desde muito pequenas, são doutrinadas com palavras e atitudes dos adultos, que lhe dizem expressamente, ou nas entrelinhas, que elas tem que ser perfeitas: boas, educadas, gentis, amorosas, não podem sentir raiva, não podem chorar de dor e de tristeza, não podem expressar seus sentimentos.

Se a criança não age assim é repreendida, criticada, punida. E a maior punição para a alma infantil é o sentimento de que lhe foi retirado o afeto. Isso gera muita ansiedade, culpa, sensação de ser má.

Ser “mau" está associado a castigo e infelicidade e ser “bom" associado a prêmio, felicidade e aceitação. Daí, ser "bom" e "perfeito" torna-se uma questão de vida ou morte.

Os adultos, de modo geral, tem pouca tolerância e frágil compreensão para os sentimentos infantis. Do mesmo modo que negam seus próprios sentimentos, negam o que as crianças conseguem expressar de forma limpa e espontânea. Quando a criança tem pais rígidos e superexigentes à coisa ainda é mais séria ainda.

Tudo isto leva a personalidade em formação, para se proteger, a "forçar algo que não é", artificialmente. Vai-se construindo, assim, um EU IRREAL. O que aquele ser é, de verdade – O EU REAL - vai ficando de fora, retirado de cena, como algo vergonhoso e que não pode ser aceito.

Para fugir da dor de não ser amada e na tentativa desesperada de ser aceita, ela vai se moldando, inconscientemente, àquele “jeito de ser” que, supostamente, vai dar a ela o amor pelo qual anseia. É, pois, um EU construído sobre um alicerce falso.
Na consciência infantil vai surgindo um grande conflito interno. Como distinguir o impulso genuíno de ser bom, educado, gentil e a falsa construção erguida para agradar – o Eu idealizado?

Na vida adulta, a existência do EU idealizado age internamente com uma terrível tirania. É um EU compulsivo que não pode admitir a imperfeição de cada estágio da vida, e nega que a pessoa pode falhar, cometer equívocos, como é da condição humana.

No entanto, há uma instância interna que sabe que o indivíduo não é perfeito, que vive uma farsa. Diante da impossibilidade de ser perfeito, e diante da máscara de mentira que criou, vem a necessidade de autopunição. É quando surgem as doenças, os fracassos, bloqueios afetivos, não realização em muitas áreas da vida.

A pessoa submetida ao EU idealizado vive um grande sentimento de frustração, que geralmente não mostra, porque é "superior". Sofre muito todas as vezes em que cai a máscara e sempre que a vida prova que ela não pode viver de acordo com as suas fantásticas exigências. Mesmo sendo capaz, um senso de incapacidade recai sobre si todas as vezes em que não atinge um padrão altíssimo de perfeccionismo. A saída é a mesma da criança: molda seu comportamento, forjando um "jeito de ser" que supõe ser o que os outros aprovam. Ela não gosta do que é e sai pela vida fingindo ser quem não é.

Isto porque a dificuldade maior é aceitar-se como é agora. Em consequência, vem a vergonha, o medo de expor-se, a ocultação, a tensão, o esforço, a culpa e a ansiedade... Para esconder as suas "falhas" e não vê-las , um dos artifícios mais comuns é projetar culpa pelo insucesso "no mundo externo", nos outros, ou na vida.

Dissolver a imagem do eu idealizado é a única maneira possível de encontrar o eu verdadeiro, de encontrar serenidade e autorrespeito e de viver a vida plenamente. Este é um processo longo e que exige humildade. Só abrindo mão da máscara de perfeição é possível ganhar liberdade para entregar-nos a nós mesmos e à vida porque não mais teremos que nos esconder de nós mesmos e dos outros.

Reconheceremos que eu real, apesar de parecer muito menos que o eu idealizado é, na verdade, muito mais. Então, funcionaremos como um ser total e teremos quebrado o chicote de ferro do carrasco que forjamos, ao qual já não precisaremos obedecer.
Ray do Vale (Blog: ray-vale.blogspot.com)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O AMOR QUE EU QUERO NÃO É O AMOR QUE VOCÊ PODE ME DAR


As pessoas não são obrigadas a nos amar. Nossos filhos, pais, amigos, maridos, esposas, pessoas de quem gostamos, ou pensamos gostar, não se comportam como um arquivo de computador que acessamos segundo nosso desejo. Eles só nos amarão se isto for possível e real para eles. Sentirão amor por nós se sentirem, se o amor que queremos for uma experiência verdadeira, explícita para eles. Não nos amarão, certamente, porque exigimos que nos amem. Muito pelo contrário.
Em, geral, se o outro não nos amar conforme nossa fome infantil de amor cem por cento, vem sofrimento, ódio, sentimento de rejeição e abandono. Depois mágoas, raivas ressentidas, ódio, vinganças. Este é um dos maiores motivos do sofrimento humano, o grande embaraço das relações afetivas.
Viveríamos com muito mais alegria, leveza e espontaneidade se pudéssemos liberar o sentimento do outro de nossas amarras famintas, que cobram e exigem, como o credor de um título bancário.
Um dos aprendizados necessários em nossa vida é adquirirmos a habilidade de permitir que as outras pessoas sintam por nós aquilo que elas puderem e desejarem. Seríamos mais livres se aceitássemos que algumas pessoas não sentem a nosso respeito o que gostaríamos que sentissem.
Quando pudermos dar esta "permissão" interna, alcançaremos um ponto em que o amor e o respeito pelo outro fluirão, mesmo que eles não se submetam totalmente à nossa vontade.

(Fonte de inspiração: Palestra Pathwork PW 072)







PARA UMA MESTRE, COM CARINHO



Faz tão pouco tempo, eu lembro,
Ela chegou nesta vida,
Fez brotar no meu outono
Flores, botões, margaridas,
Cresceu, partiu, fez caminho,
Hoje é mestre, e com jeitinho,
Tem dissertação “parida!”

Dos irmãos tem invejinha,
Quer o amor só pra ela,
Posta palavrão no face,
E justifica com a novela,
Ainda diz que é normal,
Pois a moçada Global,
Diz coisa chula e nem gela...

Pra você, minha homenagem,
Meu amor, meu dom, meu verso,
Tenho verão, Primavera,
Verão, inverno, o Universo,
Com você e seus irmãos,
Deus deu tudo em minhas mãos.
A ele nada mais peço.

(03/07/2013 – Defesa de Dissertação )

NAMORANDO O AMOR. (12/06/2013)

O amor É. Desde sempre.
Ele não cabe nos limites estreitos da mente do ego.
Não é a chama frágil que pensamos apagar ou acender,
A nosso bel prazer.
Não depende da idade do corpo.
Nem está sujeito a circunstâncias de tempo e lugar.
Não se divide por gênero, espécie ou qualquer condição.
Não depende da nossa vontade,
Tampouco se submete à nossa emoção.
Em todo ser,
Em todo lugar,
E onde ninguém está,
Pulsa uma forma de amor.
O amor é simples como uma criança,
Ou um lírio do Campo.
E “nem Salomão se vestiu como ele”...
Ou como uma ave do Céu?
Vive o amor quem é capaz de mergulhar
Na aura sensível de uma planta, no olhar de um animal,
Na cura espontânea que paira num cristal.
Sente o amor quem pode contemplar
A consciência amorosa do vento,
Que varre cantando,
Como quem canta preparando o alimento.
A despreocupação da chuva,
Que apenas chove; terna, como o pelo do coelho.
Vive o amor quem tem ouvidos para ouvir
A água que canta no rio,
A linfa que silencia no corpo.
O animal majestoso que ruge, como ruge o Oceano.
O cio dos passarinhos;
O fogo que queima,
Porque é esse o seu lugar. Queimar.
Vê o amor quem abre os olhos
Para as formas invisíveis, unicelulares, atômicas.
Que fecundam a vida - só porque assim é.
Quem celebra o corpo, a atmosfera,
A Terra Mãe, parindo a vida, todo dia.
Quem celebra a própria vida; o dom de ter nascido.
Do jeito que é. Hoje.
Porque em tudo está presente a Grande Consciência
O Amor em essência: DEUS!

(Uma homenagem ao amor de todos os namorados, em 12/06/2013)

domingo, 2 de junho de 2013

CONSTELAÇÕES FAMILIARES O QUE SÃO?


As Constelações Familiares são uma inovadora abordagem em Terapia Sistêmica, que põe em evidência os profundos laços que unem uma pessoa à sua família, inclusive às gerações mais longínquas.
Bert Hellinger, Psicoterapeuta alemão, filósofo, teólogo, psicanalista, autor de vários livros e autor do método, após anos de trabalho com famílias, pesquisando e experimentando, concluiu que a origem de muitos dos nossos problemas, inclusive de saúde, pode estar nos emaranhados sistêmicos da história familiar.
QUANDO O AMOR FAZ ADOECER...
Os nossos laços afetivos com a família são muito poderosos, principalmente quando não temos consciência disso. Continuam atuando em nossa vida e, muitas vezes, somos prisioneiros de acontecimentos ocorridos em gerações passadas, dos quais, às vezes, nem temos conhecimento. Existe uma transmissão transgeracional dos padrões familiares que pode criar uma cadeia de destinos trágicos que se repetem numa família, em várias gerações.
Quando membros de uma dada geração deixam situações por resolver, (conflitos, injustiças, retaliações, crimes, exclusão de algum dos membros da família, imigração, eventos de guerras, etc.), membros das gerações posteriores sentir-se-ão irresistivelmente empurrados para a sua resolução.
A origem de muitos dos nossos problemas têm origem na tentativa inconsciente de solucionar essas pendências e restabelecer a ordem no sistema. Este movimento sistêmico pode ser uma das causas de acontecimentos trágicos que se repetem numa família em várias gerações, desorganização da estrutura familiar, doenças psicossomáticas, depressão, conflitos de relacionamentos, doenças graves, alcoolismo, suicídio, drogadição, mortes violentas, etc.
COMO ATUAM AS CONSTELAÇÕES FAMILIARES?
O trabalho com as Constelações Familiares visa trazer à consciência a dinâmica que está oculta e que pode estar causando sofrimento a uma pessoa, através da repetição de padrões que pertencem à sua história familiar.
O QUE ACONTECE NUMA SESSÃO DE CONSTELAÇÕES FAMILIARES?
• NO TRABALHO EM GRUPO
Sob a orientação do terapeuta, o cliente escolhe entre as pessoas do grupo, representantes para os membros de sua família; por exemplo: para o pai, para a mãe, avós, irmãos, etc. e para si mesmo. Então ele posiciona essas pessoas umas em relação às outras como ele sente que elas estão ou estiveram. Desta forma é recriada uma situação, de acordo com a “imagem interior” que a pessoa tem da família ou da questão a ser trabalhada. A partir dessa configuração, vai emergindo a dinâmica da família e as possíveis soluções.
No decurso de uma Constelação Familiar, os participantes que assumem o papel dos diferentes membros da família de outro participante, expressam os sentimentos e sensações que refletem com autenticidade os sentimentos e sensações das pessoas que representam.
• NA TERAPIA INDIVIDUAL
A metodologia das Constelações Familiares também é utilizada largamente na terapia individual, em consultório. Neste caso, as pessoas da família são representadas por objetos, pelo Terapeuta e pelo próprio cliente.

• NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES
O trabalho com as Constelações, como abordagem sistêmica, pode ser muito eficaz nas empresas.
De forma simples e rápida, conseguem-se descobrir dinâmicas escondidas nas organizações, encontrando-se soluções surpreendentes.
Como nas famílias, utilizam-se pessoas como representantes do sistema organizacional / empresarial.
Deste modo, cria-se uma imagem concreta e dinâmica da estrutura da empresa dos conflitos ou crises reais existentes dentro dela. Isto permite ao corpo gerencial ter uma idéia clara da situação, visualizando, já durante o trabalho, possíveis soluções.
Podem-se trabalhar problemas de relacionamento interno ou externo, funcionamento, gestão, organização ou estratégia, fusão ou compra de empresas, produtos ou marcas, testar projetos e até analisar qual o melhor candidato num processo de recrutamento e seleção.
QUEM PODE SER CLIENTE
Qualquer pessoa presente no grupo, (workshop ou seminário, etc.) que deseje trabalhar uma situação que a esteja incomodando e para a qual esteja e busca de solução. Diz-se que essa pessoa será constelada. Da mesma forma, a pessoa que esteja em terapia individual, se o terapeuta considerar que é adequada a utilização deste recurso.
QUEM DEVE ESTAR PRESENTE
O método não requer a presença de toda a família, pois se trabalha o sistema familiar a partir de uma única pessoa. Trata-se de uma terapia individual realizada com o concurso das pessoas presentes que se prestam voluntariamente a servir umas às outras como representantes dos membros da família daquela cuja constelação familiar for configurada.
O LUGAR DE CADA UM
O trabalho com as Constelações Familiares ajuda a fechar as pendências da história familiar e dos emaranhamentos com ancestrais, deixando cada pessoa, viva ou morta, de gerações passadas ou presentes, com a sua própria responsabilidade e seu lugar de dignidade na família. Desta maneira, são restabelecidas "As Ordens do Amor" e se rompe com a cadeia de situações repetitivas.




RAY DO VALE é Psicóloga e Psicoterapeuta, Consteladora, Facilitadora de Pathwork, com Especializações em: Terapia Familiar Sistêmica, Saúde Mental e Justiça, Psicopatologia Forense; Psicologia Transpessoal, Constelações Familiares, Dinâmica Energética do Psiquismo, Terapia Regressiva Integral, Terapia Corporal; Frequencies of Brilliance; Terapeuta em Florais de Bach; realiza trabalhos individuais, com famílias, casais, grupos e em organizações.
Fones: (91) 3229.6365 / 9983.1560 – Email: ray.vale@hotmail.com

PARA CLEINA, GRÁVIDA...



Meu olhar te busca longe... Sempre te busquei. Algumas vezes te procurei onde não estavas. Meu coração tinha um anseio difuso... confuso... Em algum lugar do meu ser sabia que existias. E te procurava. Havia em mim um enorme vazio, mas existia também um enorme querer. Como se a qualquer momento pudesses chegar. Não estavas onde te buscava e meu olhar se perdia em muitas interrogações. Agora já sei que vens. De onde vens? Do Amor Maior que me brindou, respondendo a um pedido que eu não sabia fazer. É certo que não te esperava. Mas... o que sabe o EGO de amores antigos ? Só o ego não queria saber, temia, fugia. Mas minha alma, meu ser profundo já conhecia muito sobre tua vinda. Sentia. Que venhas! Seja feita a Vossa Vontade! (Minha homenagem neste Natal a você, Cleina. Que as bençãos de Maria banhem de Luz seu ventre bom, que se curva humildemente ante a dádiva da maternidade inesperada). Me enviado por Ray do Vale, amiga querida e terapeuta, quando soube da minha gravidez inesperada e dádiva divina!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A CHUVA DE BELÉM

Ser recebido pela chuva de Belém tem algo de rito e de sagrado,
Um batismo com água, daquela que vem direto da mão de Deus.
Ela abençoa tua cabeça e recebe teus pés, estendendo um tapete fluido,
úmido como um útero, que enraíza o corpo ao chão generoso da tua humanidade terrena.
Mas também te banha com cristais que vem do céu,
trazendo notícia dos anjos, dos deuses - dos de lá e dos que estão em ti.
Cristal, Cristo, banho de bênçãos!
(Ray do Vale- pra celebrar fim de tarde de Domingo)
PAIS ENVELHECEM. FILHOS TAMBÉM.

Poucos filhos aceitam o envelhecimento dos seus pais. E eles manifestam o desagrado de diversas formas, nem sempre muito gentis. Fique diante da porta de um banco, no dia do pagamento dos aposentados e você terá uma boa amostragem desse quadro. Vá a um consultório de idosos e, com alguma perspicácia, perceberá um panorama dessa relação, bem diversificado e nem sempre agradável de se ver.

Há aqueles que, espontaneamente manifestam, um cuidado real, tolerante, que exala gentileza. Mas um grande número , mesmo colocando a máscara do bons filhos, não conseguem esconder a impaciência quando rugem entre dentes: “mãaaaeee, faça iiiiiiisto!”, Paaaaaii, não faça aquiiiiilo!” “Me dê o cartãaaoo!” “Pise direeeitoo!” “Mãaaae, a moça tá falando com a senhoooora!” “Preste atençãaaoo!”

É certo que o bom filho é bom filho qualquer que seja a circunstância. E que as almas generosas e bem formadas honram seus pais em qualquer idade. E o fazem porque tem esse traço gentil impresso no eu profundo; eles respeitam qualquer pessoa, idosa ou não. São os homens e mulheres de bem.

Entretanto, mesmo para estes, fica alguma perplexidade quando um dia descobrem que seus pais já não são mais o que foram.. Para a consciência infantil, contraparte da consciência adulta de todos nós, não é fácil conceber que aquela mãe forte, que sustentava seu braço indefeso ao atravessar a rua, já não consiga, ela mesma, ter reflexos para atravessar sozinha, sem se atrapalhar.

A criança egoísta presente no interior de cada um, não quer aceitar que esteja surdo aquele ouvido atento a qualquer tossezinha, que acordava ao menor mugido, para oferecer o seio, adivinhando se as fraldas estavam levemente úmidas.

E o pai, cujos olhos viam de longe todos os perigos? Como imaginar esses olhos agora cinzentos, quase foscos, incapazes de ler seu próprio documento de identidade? Ele, que criava brinquedos, reais ou imaginários, viajando sem limites pelo mundo da fantasia, agora tem as mãos trêmulas e não consegue abotoar a própria camisa.

Difícil ver sumindo a memória viva , naquela mãe que tinha resposta para todas as perguntas. Ela que ajudava nas lições da escola e ensinava caminhos para a vida, hoje derrama o alimento sobre o peito, errando o caminho para a própria boca. Ou a avó, que recriava mil vezes as mesmas historinhas coloridas e sempre novas e que hoje esquece tudo e repete sempre o mesmo relato sem graça.
Difícil ver curvado o homem, ou a mulher, firmes, donos da verdade, que davam ordens, sabiam, comandavam, exigiam, davam todas as cartas e que hoje se calam, para evitar conflitos, diante da suposta autoridade e do suposto saber dos meninos que criaram.
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Os filhos reagem de formas diferentes a essa transição dos pais da adultez cheia de vigor para as etapas progressivas da velhice frágil. E a maneira como a pessoa se porta neste passo é bem um reflexo de como ela se coloca diante da vida em geral, diante de si mesma, sobretudo de como encara a realidade do seu próprio envelhecimento. Os que detestam - porque temem - a idéia de não serem jovens para sempre, via de regra lidam muito mal com pessoas idosas, sejam elas pais, avós ou gente comum. Alguns chegam ao extremo de evitar o contato.

As pessoas relativamente bem integradas, mesmo acalentando o medo infantil de ver secar a fonte de onde receberam a vida, elaboram seus temores e se adaptam a essa realidade. Acomodam-se, mesmo com pesar, ao que é. E amam seus pais com aquele amor real, sem exigências; aceitam a vida que receberam como um dom e não julgam nem exigem. Dedicam um afeto cuidadoso e complacente. Nãonão se incomodam de andar devagarzinho, dar boas risadas de algum tropeço, ou oferecer o braço quando solicitados; intuem quando devem estar presentes e quando é bom que se afastem um pouquinho.

Infelizmente há os que agridem de diversas formas, desrespeitam e invadem. E não estou falando dos atos ostensivos e grosseiros, das feridas que todos podem ver. Estas existem também e em grande conta. Falo aqui de outras agressões mais sutis: quem já não viu um filho, que de forma aparentemente natural, trata seus pais como incapazes, criticando-os, desqualificando suas opiniões, ou ditando o que devem ou não fazer? Ou que se adiantam em ações que estes são capazes de realizar de forma competente? Que escolhem, autoritários, como a casa dos pais deve ser arrumada ou organizada? Ou decidem, sem consultá-los, onde eles devem morar, o que lhes convém, o que devem comprar, que programa de lazer é o melhor? E fazem isto por amor...
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Nenhum comportamento humano pode ser explicado de forma simplista, numa única linha de causa e efeito. As motivações para que filhos maltratem, humilhem e até abandonem seus pais tem origens diversas e profundas. Há filhos que foram maltratados, abusados e que viveram experiências de muito sofrimento. São situações que requerem uma análise mais técnica do ponto de vista psicológico. Não é esta análise que faremos agora.

Focaremos em aspectos mais prosaicos. E há um motivo, muito mais comum do que se pensa, para as relações disfuncionais entre filhos e pais idosos: o medo da velhice. Há os que não só temem como odeiam considerar o envelhecimento; não são capazes de olhar para essa fase da vida; evitam, fingem que ela não existe; refugiam-se na fantasia de que viverão eternamente jovens, rijos e belos...

Ouvi há algum tempo uma entrevista com a atriz Pepita Rodrigues que dizia, sem disfarçar a revolta: “a velhice é a coisa mais injusta, mais odiosa que existe. Deus errou! Deus não podia ter feito dessa forma!” E há o caso, amplamente comentado de um programa dito de humor que abordou a veneranda atriz Laura Cardoso chamando-a, de forma agressiva e tosca de “maracujá de gaveta”.

As pessoas que lidam de forma tão aversiva com o passar dos anos, que não aceitam o virar das páginas de sua própria história, de modo geral tem muita dificuldade para lidar com o livro alheio.
São pessoas que não dispõem de recursos internos para admitir e lidar com os sentimentos imaturos. Se o fizessem poderiam ultrapassá-los. Permanecem, assim, infelizes e inadaptados ao fluir natural da existência. Como mecanismo de defesa, projetam sobre seus pais toda a amargura encoberta. Esses pais expõem a velhice que querem negar; eles são seus espelhos, e pagam pela exposição involuntária de uma tela viva que diz: “veja você amanhã!”.

Reagem a esse espelho com frases do tipo: “Puxa, mãe! Eu já repeti isto três vezes!” “Tu tá surda? Não vou repetir mais! ” “Falei isto não faz dois dias! Tu não lembras? Não acredito!” “ Presta atenção pra atravessar a rua , mãe! Tu ainda vais ser atropelada!” “Olha ele repetindo a mesma história pela sétima vez! Hahahahaha! “ .

“Tu vais comprar isto pra que?” (o dinheiro é dos pais); “Gastando dinheiro com bobagem!” (os pais pagam a conta); que roteiro mais sem graça que tu escolheste para essa viagem!” (os pais pagaram o pacote!); “cortina horrível a que escolheste pra tua sala!”; e assim vai...
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O sábio senso comum sempre afirmou: quer saber como será sua mulher mais tarde? Olhe para mãe dela. Quer conhecer o seu marido no futuro? Olhe o pai dele!

Imaginem aquela mulher barriga de tábua, dieta de 500 calorias, coxa de passista da Portela (ou que se vê assim), cabelos de propaganda de shampoo, olhar para a mãe gordinha, enrugada, pele flácida, manchas senis na pele”, chinelinho “usaflex”, e que já não consegue empunhar o batom, nem a caneta, com a mesma destreza de antes... (argh!) “eu amanhã? Para o rapaz sarado, também não é agradável ver o pai, antes o herói viril e imbatível, com a barriguinha caída, unhas calcificadas, orelha peluda e aquela protuberância volumosa, pendente entre as pernas.

Esses jovens filhos, de tão distraídos com o espelho das academias, não percebem que trilham o mesmo caminho rumo à madureza. E que seus pequenos filhos são ou serão observadores atentos desse caminhar. Pais são modelos. O padrão da relação com nossos pais sempre representará aprendizado para os nossos filhos. Eles tenderão a recriar o que aprenderam sobre como tratar pai e mãe.

Cada um de nós envelhece um dia a cada dia, desde que fomos gerados. Essa marcha é inexorável. Aceitar que é assim traz saúde, alegria e realização. Em qualquer idade.

“São só dois lados da mesma viagem.
O trem que chega é o mesmo trem da partida...
A plataforma dessa estação é a vida...”
(Milton Nascimento)
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Ray do Vale - Psicóloga.
FEV/2013
Belém-Pará-Brasil
Email: ray.vale@hotmail.com
BLOG: ray-vale.blogspot.com

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CHOVE, CHUVA !


Enquanto o sol não volta,
Reina, soberana, a chuva,
generosa e farta.
Acabou o Carnaval.
Ela chega e vai fazendo o seu trabalho.
Não espera, nem obedece.
Dá as ordens. E a ordem.
Limpa, varre, derrama cheiros, recolhe, fertiliza.
Fecunda de limpeza as calçadas que, de tão órfãs,
Não esperavam tamanho agrado.
Ruas e vias deitam-se preguiçosas,
esperando o banho.
Folhas caem como mangas maduras,
E nadam, bêbedas de riso,
feito criança de antigamente,
em lúdicas braçadas.
E alegre, a foliã corre, cantando,
Na quieta manhã cinza e dolente,
Salta, astuta e esconde nos buracos
O rescaldo da sujeira, a lixarada.
Quem quiser, limpe depois!
A sala tá arrumada!


Ray do Vale
Belém-Pa
FEV/2013


domingo, 10 de fevereiro de 2013

MURO

Quando olho a paisagem do mundo,

vejo homens e mulheres caminhando separados,

quais crianças perdidas, disfarçadas de adultos.

Um quer ao outro,

Mas guerreiam na escuridão, sob o comando de vozes antigas -

de gargantas que vomitam pesadelos,

nascidos de que porões ?

Herança cega de remotas imagens.

Imagens de massa, herança sem origem.

Sentimentos emprestados, lealdades a quem antes guerreou.

As mãos que anseiam por unir-se, seguram punhais alheios.

Das bocas ávidas por beijos e afagos,

brotam as duras estocadas do verbo envenenado

Carpindo ódios do passado.

Eu vi homens e mulheres - nem tão diferentes –

chorando sobre travesseiros ensopados de medo.

Medo de chorar no colo da leveza;

depor as armas - e perder o poder...

Que poder?


RAY DO VALE -
Psicóloga Clínica
Belém-Pa

sábado, 9 de fevereiro de 2013

MENINOS ADULTOS


Há uma demanda crescente de jovens que são levados por seus pais aos consultórios de psicólogos e médicos. Muitos desses meninos e meninas, pressionados precocemente para a escolha da carreira a seguir, estão acuados pelo stress, sentem medo e amargam um pesado sentimento de inadequação, fobias, pressões emocionais e patologias diversas, causadoras de grande sofrimento, físico e psicológico.

São quase crianças, tendo que assumir posturas adultas e pensar como gente grande. Aos quatorze, dezesseis, dezessete anos já precisam saber se querem ser médicos, juízes, astronautas, desembargadores, reis ou presidentes de multinacionais; são chamados a decidir se o melhor é estudar mecatrônica (o que será isto?), passar na seleção para o ITA, ou ser apresentadores do Jornal Nacional.

E há aqueles que são marcados pelos cursinhos para se tornarem SUPER, os que vão compor a “Turma Especial” - onde só sentam os melhores, os que seguramente vão aparecer no jornal e no outdoor como os primeiros, quando sair o resultado do Vestibular. Esses renderão dividendos à indústria dos melhores cursinhos da Cidade.

Cineminha, sorvete, futebol, tarde de domingo no shopping, casa de amigo, ou dar uma namoradinha, nem pensar! Os que ousam transgredir sucumbem acossados pela culpa e pelo medo dos concorrentes "que a esta hora estão estudando". Eles perderam o direito de viver a mais bonita fase de suas vidas. Já estão vivendo o futuro, compromissados com a profissão que nem sabem se desejam; não podem experienciar o presente, do qual tiveram que abrir mão. Já pensam onde vão fazer o Mestrado, o Doutorado, o pós e o pós,pós, pós... Se moram no interior vão para a capital, se estão na capital, vão para outra capital maior, se estão na capital maior, vão para o exterior.

Em tempos nem tão distantes, os adultos perguntavam às crianças: “o que você quer ser quando crescer?”. Hoje não há tempo para crescer. Nem para perguntar.

Esses meninos adultos vivenciam um paradoxo: até aqui eles foram poupados de assumir responsabilidades, receberam tudo na mão, não foram ensinados que existe a lei do dar x receber. Nunca precisaram lavar o copo no qual beberam água e pouco aprenderam sobre o significado do “se virar”. Pois bem: esses mesmos, de uma hora para outra, começam ser cobrados e exigidos pela família e pelo meio onde vivem, reféns da cultura do “você tem que vencer, tem que ser o melhor”. Como conciliar duas experiências tão contraditórias sem se perder?

E eles se perdem. Perdem-se em meio a tantas exigências para as quais não foram preparados. E adoecem , e deprimem. Estavam acostumados à calorosa proteção das fraldas. Não haviam aprendido que a vitória requer luta e que às vezes faz bem lavar a própria calcinha/cueca, arrumar a cama onde se dorme ou fazer o próprio sanduiche. São fruto de uma geração de pais que agem dando aos filhos muitos direitos, mas pouco ensinam sobre a outra face da vida - compartilhar deveres.
Com as novas e pesadas responsabilidades, eles estão perplexos, suando frio, vomitando silêncios, amargando gastrites, síndromes de pânico, sentimentos de culpa (meus pais não me cobram, mas sei que o maior sonho deles é que eu passe!). Estão tristes, com a autoestima em decadência, até porque ficaram mais redondinhos e pesados. Perderam o direito de definir os músculos na Academia.

Os pais também estão com gastrite erosiva, corrosiva, implosiva (existe?) e também vomitam: às vezes bílis, medos, inseguranças sobre seu papel de bons pais; mas também vomitam, sem querer, impropérios, alguns explícitos, outros amorosos e velados. Sofrem tanto quanto seus filhos, porque querem ser pais perfeitos de filhos igualmente perfeitos. E, como os filhos, sentem medo e culpa. E ainda precisam fingir que, se o filho não passar, será a coisa mais natural do mundo! Os filhos sabem que não é assim!

Este é um fenômeno da nossa época. Não estamos desqualificando a necessidade do estudo, o compromisso com uma carreira, a responsabilidade diante da vida e de suas demandas. Uma boa formação moral, espiritual e intelectual é o que de melhor podemos legar aos nossos filhos. Também não desejamos enveredar pelo caminho do julgamento maniqueísta rotulando o que ocorre hoje como bom ou mau, aceitável ou condenável. São os tempos novos, com suas dores e com seus dons.

Aos pais cabe procurar caminhos de ajuda que os preparem para uma relação melhor com seus filhos. Necessitam cuidar-se primeiro, dialogar com sua própria história, encarar suas obstruções e crenças, admitir seus próprios limites. Como no avião, precisam colocar a máscara sobre o próprio rosto para depois socorrer as crianças.

Quando conseguirem respirar e reconhecer sua vulnerabilidade, admitindo para si mesmos que o medo dos seus filhos é o seu próprio medo, poderão apropriar-se de sua força e de seu poder de pais e apoiadores.

Convém lembrar que, nas relações em geral e em especial no trato com os filhos, os adultos - pais, mães, avós, professores, ativam dentro de si um adolescente/ criança arcaicos que às vezes reage, ao invés de agir.
A essa parte encoberta em nossos subterrâneos chamamos de “consciência infantil” ou “criança interna”. Ela é o resultado das experiências infantis com nossos próprios pais e com a vida em geral. Isto vale para todos, sem exceção. Muitas vezes, mesmo quando somos adultos saudáveis e bem integrados, é a partir desse espaço emocional que vivemos grande parte das interações com nossos filhos. Muitas vezes pais e mães revelam-se meninos cuidando de meninos, ou brigando com meninos.

É essa consciência infantil que quer o sucesso dos filhos hoje, já, agora e não amanhã; que secretamente deseja que o filho seja melhor que o primo; é essa criança encoberta que finge não estar nem aí se o filho não passar, mas que morre de vergonha de amigos e parentes se ele não passa de primeira (às vezes ele não passa de primeira, nem de segunda, nem de quinta... e aí? ); é esse aspecto regredido que induz sutilmente a escolha da carreira dos filhos (você pode escolher o que quiser, mas ... medicina... ah! medicina!...).

A boa notícia é que a maioria dos pais e mães tem também dentro de si, ao lado da criança imatura, um adulto sensato e maduro. É preciso reconhecer essa dualidade, identificar o adulto, mas não ignorar a ação da criança e o espaço que ela ocupa; dar a ela o colo mas também o limite. Se a criança interna é reconhecida e aceita, o adulto-pai-mãe pode ocupar o lugar de honra. Dele poderá fluir para seus filhos amor, autoridade, apoio, suporte, presença.

Desse ponto será possível encarar o desafio de assistir ao voo dessas aves quase implumes, que fazem sua primeira grande travessia. Esse voo não precisa ser tão urgente, nem tão tenso; pode, e deve, ser relaxado e bom. É possível, sim, responder com responsabilidade e compromisso, mas com fluidez , às demandas de cada época e de cada idade.
Esses meninos e meninas, quase crianças, assustados, invadidos às vezes, tem direito a construir uma consciência mais clara a respeito de seus próprios desejos e sonhos – REAIS!

( Ray do Vale – Psicóloga Clínica)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

MULHERES E HOMENS vs HOMENS E MULHERES


Outro dia, encaminhei via e-mail, a amigos e amigas, um texto que tem circulado na internet chamado “Carta de Amélia”. É uma sátira bem humorada, aparentemente escrita por uma mulher (desconheço a autoria) que, no auge da sua correria louca, vencendo o dia a dia de cidadã moderna e emancipada, faz comparações jocosas da sua vida "bem sucedida" com a vida simples e sossegada de suas avós. Minha intenção era apenas compartilhar um texto delicioso, engraçado e muito bem escrito.

A inocente Amélia causou rebuliço entre as mulheres a quem enviei. Algumas reagiram com respostas indignadas, empunhando robustas armas verbais. Enfrentaram-me, valentes, usando argumentos a respeito da histórica dominação masculina sobre a mulher. Desancavam, com paixão, o “texto idiota”. Quase ouvia me acusarem: “Que decepção! Machista e traidora!”.

Está evidente que a indignação dessas mulheres não é gratuita, nem infundada. Nossa história guarda feridas profundas na trajetória da condição feminina, cujo desenho ainda está marcado com fogo na carne da civilização. Mas não é esta a reflexão que me proponho a fazer neste momento. Tratarei desse foco em outro texto.

Quero aqui extrapolar a análise pura e simples dos efeitos visíveis da separação, e ir mais fundo, mais próximo de onde isto começa. Os e-mails de minhas amigas me levaram a refletir sobre a polarização que se estabeleceu em nosso mundo entre o masculino e o feminino. Há uma imagem de massa, construída socialmente, que coloca homens e mulheres em campos opostos, como inimigos que se ameaçam. Basta olhar as piadinhas que circulam na internet, os temas que inspiram programas de humor, as alfinetadas e recadinhos postados nas redes sociais, onde homens e mulheres desqualificam-se mutuamente com gracinhas e chistes maliciosamente sem graça.

É fácil perceber que, de modo geral portam-se como num front, batem-se de frente, armados como numa guerra. Confrontam-se nas coisas mais simples, como nas mais complexas: quem ganha mais, quem é mais letrado, quem dá banho na criança, quem é mais carinhoso, quem lava a louça, quem educa melhor os filhos, quem lembra as datas, quem controla o orçamento, quem é mais gordo, mais magro, quem tem o melhor emprego, quem tem mais amigos, quem é mais, quem é menos, quem fala, quem cala (rangendo os dentes!). Atentem que não estou falando de uma saudável divisão de tarefas. O assunto aqui é o embate para decidir quem pode mais!

É uma espécie de luta perene, um “MMA” sem juiz e sem marcação de tempo para cada round, onde cada um se ilude, tentando levar a melhor. O que frustra e cansa é que nesse jogo ninguém ganha, ninguém leva o cinto. É nocaute duplo, quando não múltiplo, porque os socos e chutes sobram para os filhos, num autêntico e triste “VALE TUDO!”.

Como nas lutas dos “octógonos” da vida, cada um exibe músculos e carrancas. Em muitos casos, só se olham porque precisam estar atentos aos golpes que virão do adversário, ou para intimidá-lo com a promessa de um golpe mais duro. É como se, no fundo, cada um acreditasse que o outro quer mesmo é tirar sangue de seu supercílio.

É claro que existem relações boas e saudáveis. Conhecemos muitas. São pessoas que se reconheceram nas suas humanas dificuldades e, em se reconhecendo, conseguiram reconhecer e respeitar a singular humanidade do outro.

O curioso e contraditório é que a maioria dos homens e mulheres que vão aos consultórios psicológicos, ou que buscam outro tipo de aconselhamento, anseia profundamente por sua realização como homens e como mulheres, através da união com seus parceiros. Paradoxalmente, no entanto, fogem do encontro desejado. Como cada um desconhece suas próprias necessidades, emitem exigências cegas e inconscientes em relação ao outro, impossíveis de serem satisfeitas. Nos subterrâneos do sentimento engendram contendas, inventam necessidades e demandas, criam situações de ódio e agressão, numa clara estratégia para se distanciarem. Fogem do que mais querem. Odeiam o que mais amam.

Para refletirmos sobre essas questões, precisamos considerar que vivemos num mundo de dualidades. Tudo se apresenta oscilando entre, no mínimo, dois polos. Todas as manifestações da vida se expressam em polaridades ou opostos: feio e bonito; alto e baixo; bom e mau; claro e escuro; amor e ódio; saúde e doença; vida e morte; vencedor e vencido, e por ai afora. A cosmologia das religiões, a mitologia e os diversos caminhos espirituais, ao longo dos séculos e milênios, têm construído suas doutrinas, cultos e pregações em conceitos duais: céu e inferno; zonas de luz e de tormentos; anjos e demônios; divindades do bem e do mal. A dualidade se manifesta também na existência dos dois sexos. Isto é presente em toda a natureza.

Mesmo na dualidade, homens e mulheres não são tão diferentes quanto pensam. Todo ser humano tem características masculinas e femininas. Cada homem traz em sua alma o lado feminino de sua natureza, e cada mulher traz dentro de si o lado masculino de sua natureza. Não que sejamos seres de sexualidade indefinida ou neutra. Evidente que não é assim. Ao nascer, cada pessoa manifesta a prevalência de uma ou outra expressão: masculina ou feminina. Tudo na vida encontra o equilíbrio nessas duas energias. Yin e Yang. Ativação e espera. Assertividade e receptividade.

De forma muito simplificada podemos dizer que, durante séculos e séculos o homem suprimiu e desestimulou o desenvolvimento de sua natureza emocional e intuitiva, privilegiando a força e a inteligência. Com as mulheres aconteceu o inverso. Elas tiveram que negar e reprimir sua inteligência, poder e criatividade, privilegiando a intuição e a emocionalidade. Isso perdurou por muito tempo até que surgiram os movimentos de “emancipação”. Significa que o homem e a mulher levaram séculos empurrando para baixo suas tendências “opostas”, sentindo-se inadequados por causa delas.

Onde se manifesta a distorção? Você teme no outro o que teme em você. Por outro lado, o medo de não realizar seu próprio potencial, cria o medo em relação ao outro sexo. É aí que se dá a quebra, instala-se a confusão e o ser humano se divide naquilo em que é mais completo - a unidade consigo mesmo. Dividindo-se internamente, também divide o que está fora. Na essência somos uma unidade, um sistema, com partes harmoniosamente complementares. No estado de iluminação é possível viver assim também com o outro.

A forma como a pessoa se relaciona com o sexo oposto, é sempre um indicador da sua liberdade ou prisão interna em relação à própria masculinidade ou feminilidade. Ou seja, a barreira que se coloca ao reconhecimento do sexo oposto, revela uma barreira similar no que se refere ao próprio sexo. Quanto mais acirrada é a luta, expressa ou velada, contra o outro sexo, maior também será a sua luta contra sua própria condição de homem ou de mulher.

Quanto mais prevenção contra o outro, maior é a prevenção contra si mesmo. Como, de modo geral, não atinamos para o que somos, não aprendemos a confiar em nossa grandeza e divindade. Assim nos mantemos desconectados do “Eu Real” e estagnamos na separação e no sofrimento.

Fragmentados interiormente, não podemos viver externamente a união. Afastando-se do outro, a alma revela o quanto está afastada de si mesma, perdida de sua unidade intrínseca. Já não sabe sobre seu anseio e se distancia da comunhão - consigo e com o outro sexo. (Ray do Vale – JAN 2013)

(Fonte de Consulta: Palestra PATHWORK 062 – Eva Pierrakos).




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CONSTELAÇOES X RECEIO DE EXPOR-SE


Algumas pessoas tem me telefonado e/ou enviado e-mails, dizendo que tem receio/vergonha/medo de participar dos Workshops de Constelações, supondo que precisam expor-se, falar de sua vida e abrir sua privacidade durante o trabalho. Essa crença passa longe da verdade!... Tenho respondido individualmente, mas vou fazer um esclarecimento geral:
1. No trabalho com as Constelações a exposição é mínima. As perguntas que o terapeuta faz são de ordem bem geral, sobre a estrutura da família e sobre acontecimentos marcantes com antepassados. O terapeuta geralmente "corta" se a pessoa quer falar muito ou revelar intimidades da família.
2. O CONSTELADO não fica "na berlinda". Ele e seus familiares são representados por membros do grupo. O constelado fica assistindo, sentado.
3. Em cada Encontro, apenas 2 a 4 pessoas/famílias são consteladas. Estas pessoas inscrevem-se previamente. Não há tempo para todos. Portanto, você só será constelado, se desejar e se estiver inscrito.
4. Mesmo quem não é constelado, recebe os benefícios. É um trabalho sistêmico, cujos efeitos se expandem para o grupo todo. Os depoimentos dos presentes, após o trabalho, são muito expressivos a respeito de se sentirem atendidos em suas necessidades.
5. É um tipo de terapia familiar onde não há necessidade da presença de toda a família. É suficiente a presença de apenas um membro da família.
6. Quem precisar de esclarecimentos adicionais, fique à vontade para perguntar ou pedir bibliografia. Abraços.