sexta-feira, 21 de junho de 2013

E NÓS?...

A mudança não passa por uma pessoa, por um governante ou parlamentar, considerado individualmente. Não vai adiantar muito matar o Feliciano, execrar o FHC ou o Sarney, atacar a Dilma com palavrões, agredir o Lula com insultos, nem condenar os bandidos da rua à pena de morte. O processo é mais amplo e mais profundo. Está em jogo um movimento gradual de transição para uma nova consciência. Antes das instituições estão os indivíduos que precisam, minimamente, conhecer e reconhecer, além dos seus direitos, o seu lugar, individual e social - o seu papel na vida.
As manifestações de massa apontam para o desejo de mudança. E isto é bom. Os governos e os parlamentos não se mantêm legitimamente se o povo não é escutado. Mas isto é apenas um ângulo de um conjunto muito mais complexo. E depois? Depois do grito virá a ação? A nossa ação. Como essa ação se tornará concreta e positiva? Qual é a nossa parte nisso, além de empunhar bandeiras e postar frases de efeito e ódio no Facebook? Talvez precisemos nos fazer algumas perguntinhas, bem mais silenciosas, sobre qual tem sido a nossa postura diante da vida comum de todo dia. Como está a minha passeata particular com os meus diversos “eus”? Perguntinhas singelas como: compareço às reuniões do meu condomínio, ou me omito e me limito a falar mal do síndico? Suborno o guarda de trânsito na esquina? Sonego imposto? Atiro lixo pela janela do carro? Compareço à escola do meu filho, ou falo mal dos professores? Falo do meu desagrado a quem me ofende, ou revido com fofoca? Ensino ao meu filho a devolver o troco que recebeu a mais? Ofereço condições dignas à trabalhadora que faz minha comida e lava o meu banheiro? Voto num candidato só porque ele é meu conhecido?
Nem precisamos responder. Perguntar apenas, já pode fazer um bom efeito. Quem sabe descubro que, no meu mundo interno mais quebro vidraças, incendeio ônibus e promovo a confusão e o medo do que faço algo construtivo.

Ray do Vale
ray-vale.blogspot.com


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