sábado, 12 de maio de 2018

SOBRE MÃES...


Todas os poemas, textos e homenagens dedicados às mães destacam sua força, amor sem limites, valentia, martírio, capacidade de se doar. E é verdade que algumas manifestam essas qualidades, autoimpostas ou espontâneas. Mas existe uma imagem de massa (inconsciente) de que mãe foi feita só para doar-se; e que, pela sua “santidade” e poderes de heroína super, não precisa receber. E quem escreve sobre traumas e dores de mães? Poucos refletem sobre as necessidades dessas mulheres-maravilha. Raros imaginam que, às vezes, a capa de voadora se encharca de lágrimas, silêncios e esperas.
Nesse mundo “psicologizado” às avessas, de valores invertidos, muitos são os filhos que derramam nas linhas e entrelinhas da vida, revoltas, exigências e “traumas”, pela mãe de fantasia que não tiveram. Alguns transitam “de bico aberto” como passarinhos que exigem ser nutridos, pedindo, pedindo.
Frustram-se diante de mães reais, humanas que também carregam vulnerabilidades: são frágeis, adoecem, erram, choram tem medos e culpas; e são mulheres absolutamente comuns. Apenas mulheres e mães possíveis. (Ray Do Vale)