terça-feira, 30 de junho de 2015

HOMENS E MULHERES X MULHERES E HOMENS

Outro dia, encaminhei via e-mail, a amigos e amigas, um texto que tem circulado na internet chamado “Carta de Amélia”. É uma sátira bem humorada, aparentemente escrita por uma mulher (desconheço a autoria) que, no auge da sua correria louca, vencendo o dia a dia de cidadã moderna e emancipada, faz comparações jocosas da sua vida "bem sucedida" com a vida simples e sossegada de suas avós. Minha intenção era apenas compartilhar um texto delicioso, engraçado e muito bem escrito.

A inocente Amélia causou rebuliço entre as mulheres a quem enviei. Algumas reagiram com respostas indignadas, empunhando robustas armas verbais. Enfrentaram-me, valentes, usando argumentos a respeito da histórica dominação masculina sobre a mulher. Desancavam, com paixão, o “texto idiota”. Quase ouvia me acusarem: “Que decepção! Machista e traidora!”.

Está evidente que a indignação dessas mulheres não é gratuita, nem infundada. Nossa história guarda feridas profundas na trajetória da condição feminina, cujo desenho ainda está marcado com fogo na carne da civilização. Mas não é esta a reflexão que me proponho a fazer neste momento. Tratarei desse foco em outro texto.

Quero aqui extrapolar a análise pura e simples dos efeitos visíveis da separação, e ir mais fundo, mais próximo de onde isto começa. Os e-mails de minhas amigas me levaram a refletir sobre a polarização que se estabeleceu em nosso mundo entre o masculino e o feminino. Há uma imagem de massa, construída socialmente, que coloca homens e mulheres em campos opostos, como inimigos que se ameaçam. Basta olhar as piadinhas que circulam na internet, os temas que inspiram programas de humor, as alfinetadas e recadinhos postados nas redes sociais, onde homens e mulheres desqualificam-se mutuamente com gracinhas e chistes maliciosamente sem graça.

É fácil perceber que, de modo geral portam-se como num front, batem-se de frente, armados como numa guerra. Confrontam-se nas coisas mais simples, como nas mais complexas: quem ganha mais, quem é mais letrado, quem dá banho na criança, quem é mais carinhoso, quem lava a louça, quem educa melhor os filhos, quem lembra as datas, quem controla o orçamento, quem é mais gordo, mais magro, quem tem o melhor emprego, quem tem mais amigos, quem é mais, quem é menos, quem fala, quem cala (rangendo os dentes!). Atentem que não estou falando de uma saudável divisão de tarefas. O assunto aqui é o embate para decidir quem pode mais!

É uma espécie de luta perene, um “MMA” sem juiz e sem marcação de tempo para cada round, onde cada um se ilude, tentando levar a melhor. O que frustra e cansa é que nesse jogo ninguém ganha, ninguém leva o cinto. É nocaute duplo, quando não múltiplo, porque os socos e chutes sobram para os filhos, num autêntico e triste “VALE TUDO!”.

Como nas lutas dos “octógonos” da vida, cada um exibe músculos e carrancas. Em muitos casos, só se olham porque precisam estar atentos aos golpes que virão do adversário, ou para intimidá-lo com a promessa de um golpe mais duro. É como se, no fundo, cada um acreditasse que o outro quer mesmo é tirar sangue de seu supercílio.

É claro que existem relações boas e saudáveis. Conhecemos muitas. São pessoas que se reconheceram nas suas humanas dificuldades e, em se reconhecendo, conseguiram reconhecer e respeitar a singular humanidade do outro.

O curioso e contraditório é que a maioria dos homens e mulheres que vão aos consultórios psicológicos, ou que buscam outro tipo de aconselhamento, anseia profundamente por sua realização como homens e como mulheres, através da união com seus parceiros. Paradoxalmente, no entanto, fogem do encontro desejado. Como cada um desconhece suas próprias necessidades, emitem exigências cegas e inconscientes em relação ao outro, impossíveis de serem satisfeitas. Nos subterrâneos do sentimento engendram contendas, inventam necessidades e demandas, criam situações de ódio e agressão, numa clara estratégia para se distanciarem. Fogem do que mais querem. Odeiam o que mais amam.

Para refletirmos sobre essas questões, precisamos considerar que vivemos num mundo de dualidades. Tudo se apresenta oscilando entre, no mínimo, dois polos. Todas as manifestações da vida se expressam em polaridades ou opostos: feio e bonito; alto e baixo; bom e mau; claro e escuro; amor e ódio; saúde e doença; vida e morte; vencedor e vencido, e por ai afora. A cosmologia das religiões, a mitologia e os diversos caminhos espirituais, ao longo dos séculos e milênios, têm construído suas doutrinas, cultos e pregações em conceitos duais: céu e inferno; zonas de luz e de tormentos; anjos e demônios; divindades do bem e do mal. A dualidade se manifesta também na existência dos dois sexos. Isto é presente em toda a natureza.

Mesmo na dualidade, homens e mulheres não são tão diferentes quanto pensam. Todo ser humano tem características masculinas e femininas. Cada homem traz em sua alma o lado feminino de sua natureza, e cada mulher traz dentro de si o lado masculino de sua natureza. Não que sejamos seres de sexualidade indefinida ou neutra. Evidente que não é assim. Ao nascer, cada pessoa manifesta a prevalência de uma ou outra expressão: masculina ou feminina. Tudo na vida encontra o equilíbrio nessas duas energias. Yin e Yang. Ativação e espera. Assertividade e receptividade.

De forma muito simplificada podemos dizer que, durante séculos e séculos o homem suprimiu e desestimulou o desenvolvimento de sua natureza emocional e intuitiva, privilegiando a força e a inteligência. Com as mulheres aconteceu o inverso. Elas tiveram que negar e reprimir sua inteligência, poder e criatividade, privilegiando a intuição e a emocionalidade. Isso perdurou por muito tempo até que surgiram os movimentos de “emancipação”. Significa que o homem e a mulher levaram séculos empurrando para baixo suas tendências “opostas”, sentindo-se inadequados por causa delas.

Onde se manifesta a distorção? Você teme no outro o que teme em você. Por outro lado, o medo de não realizar seu próprio potencial, cria o medo em relação ao outro sexo. É aí que se dá a quebra, instala-se a confusão e o ser humano se divide naquilo em que é mais completo - a unidade consigo mesmo. Dividindo-se internamente, também divide o que está fora. Na essência somos uma unidade, um sistema, com partes harmoniosamente complementares. No estado de iluminação é possível viver assim também com o outro.

A forma como a pessoa se relaciona com o sexo oposto, é sempre um indicador da sua liberdade ou prisão interna em relação à própria masculinidade ou feminilidade. Ou seja, a barreira que se coloca ao reconhecimento do sexo oposto, revela uma barreira similar no que se refere ao próprio sexo. Quanto mais acirrada é a luta, expressa ou velada, contra o outro sexo, maior também será a sua luta contra sua própria condição de homem ou de mulher.

Quanto mais prevenção contra o outro, maior é a prevenção contra si mesmo. Como, de modo geral, não atinamos para o que somos, não aprendemos a confiar em nossa grandeza e divindade. Assim nos mantemos desconectados do “Eu Real” e estagnamos na separação e no sofrimento.

Fragmentados interiormente, não podemos viver externamente a união. Afastando-se do outro, a alma revela o quanto está afastada de si mesma, perdida de sua unidade intrínseca. Já não sabe sobre seu anseio e se distancia da comunhão - consigo e com o outro sexo. (Ray do Vale – JAN 2013)

(Fonte de Consulta: Palestra PATHWORK 062 – Eva Pierrakos).
((republicado)

Meu primogênito Raniery Branco!


Alegria maior de um coração de mãe de primeira viagem. Muito antes de ser gerado eu já o conhecia em sonhos, um lindo bebê, tal qual o veria mais tarde, aos três quatro meses! Já havia um pré-acordo! Cedo aprendi a cuidar dele. E foi fácil. Ele foi uma criança que qualquer mãe cuida bem. Comprei um livro que me ensinou o básico. Depois, segui a intuição. Simples e despojado, desde pequenino! Foi o único dos cinco que aproveitou as coisas do campo, no sítio dos avós. Adorava criar cobras, camaleões, peixes, girinos, minhocas, jabutis, e toda a fauna que ele encontrava nas excursões por matas e igapós, junto com vovó Chiquinha. Ela sempre teve a mesma idade que ele. Até que ele cresceu. E vovó Chiquinha continuou criança, tomando banho de igarapé, dando risadas divertidas, pregando peças nos netos e contando suas piadas, nem sempre apropriadas para crianças.
Falar dele como homem é redundante e lugar comum. Ele é tudo de bom! Quanto sentei para escrever esta homenagem, as memórias da sua infância borbulharam como brotam os olhos d’água das cacimbas. Com cores, cheiros e sons. São lembranças de uma linda fase da nossa vida. Sou grata por tudo o que recebi! E foi muito. E sou grata ao seu pai DOMINGOS NERI BRANCO, que partiu recentemente para outro plano da vida. Que Deus o receba! Ele, que me presenteou com a dádiva de ser mãe pela primeira vez. E de ser mãe de um Homem de Bem!
17/06/2015

FABYOLA, MINHA ESTRELA

Hoje tem celebração! Fabyola Vale Machida. Ela espera meus escritos como uma criança de antigamente esperava o bolo da vovó assando no forno! (as crianças do smart já não curtem bolo da vovó... que pena!). E o bolo dela, digo, o poema dela, tem que ser o mais belo, o mais exclusivo, com rima rica e métrica de derreter o coração! Ela exige! Nada de verso solado! Precisa ser banhado em calda especial, com receita única e toque exclusivo da Chef Mãe! Toda criança merece essas doçuras! E ela não terá em versos, desta vez, mas em boa prosa. Um tipo de castigo por uma tolice que ela fez: levou para bem longe, junto com ela, os brigadeirinhos mais preciosos e refinados da minha vida: um japonesinho e um lourinho, sapecas e lindos como jujubas coloridas, que acham engraçado e riem me vendo derramar lágrimas de chantilly quando os vejo pela vitrine fria e sem sabor, da internet. E eu aqui, uma vovó na orfandade, continuo amarrando laços de saudade e enfeitando caixinhas cheias de lembranças multicores, das infindáveis e repetidíssimas historinhas que inventei e contei para eles em memoráveis noites de lindas fantasias!
Filha, que o passar dos dias, aprofunde a sua sabedoria e estimule a sua Fé! Que Deus te Abençoe, minha fiha! O Forno que aqueceu a sua vida continua quente!
20/06/2015

domingo, 28 de junho de 2015

PARE AGORA, LYOTO! VÁ VIVER...

PARE AGORA, LYOTO! VÁ VIVER...
Lyoto é uma alma nobre, espiritual e sensível. Nunca entendi sua entrada nesse mundo selvagem, de pessoas e valores tão diferentes dos que ele sempre cultivou. Assim mesmo sempre o apoiei, sem julgamentos ou avaliações. Detesto a luta, mas amo o lutador. A admiração e a confiança que tenho na sua integridade e bom senso, foram a senha para que respeitasse o caminho que escolheu. Ele saberia a hora de parar. Tomara seja logo!
Lyoto já viveu o seu sonho de criança, quando acordava de madrugada, driblando a vigilância da família pacífica e bem formada, para assistir os “telecatch” da vida, sonhando ser um daqueles monstrengos que, naquela época, apenas fingiam bater, em cenas de pseudoviolência e escancarado pastelão. E quando cresceu, como é da sua índole, correu atrás do desejo da sua criança.
Mas... me permito dizer agora: definitivamente, Lyoto não cabe mais nesse mundo sangrento, que não finge ferir, fere mesmo! Ok. Ele já viveu a experiência que desejou viver. Se o universo dos chutes e socos letais sempre foi violento, cada dia se torna mais perigoso e distante da alma de Lyoto. Hoje, mais que antes, é um mundo de criaturas anabolizadas, verdadeiros feixes de músculos artificiais, duros e impiedosos como barras de aço. Lyoto não combina com músculos fabricados em oficinas nem sempre éticas. Ele jamais apelaria para meios escusos. Sua marca é a disciplina e a disciplina. Seu recurso maior, a meditação e uma alimentação super equilibrada, sob orientação técnica, e amorosamente cuidada pelas mãos de alguém tão disciplinada quando ele – sua mulher. Essa tarefa ela não delega a ninguém. Seus pratos balanceados vem da alquimia de um amor incondicional e de um cuidado irrestrito, quase espartano. Como misturar o Lyoto dos sucos verdes, das fibras integrais, do cardápio ao óleo de coco, com aqueles homens mecânicos, cyborgs contemporâneos?
Vá viver, Lyoto! Você já atendeu ao seu desejo de menino! E já ofertou o que podia àqueles que admiram apenas o lutador. Esses só lhe festejam na vitória. São impiedosos quando o jogo vira. Agora aproveite os que amam o homem, o SER, o cidadão comum, que perde e ganha nos jogos da existência, que erra e acerta; volte a viver sua alma brincalhona, aprontar suas conhecidas “pegadinhas” de mau gosto com os amigos. Vá comer seu bife com batata frita e tomar um suco nutricionalmente incorreto, cheio de açúcar, aqui e ali, como qualquer menino piolhento e de pé sujo. Deixe o mundo dos homens que se esqueceram de si mesmos e vá ser um pouco o moleque de joelhos escoriados de alegria. Seja menino de novo! E diga aos outros meninos, esses sim, iguais a você: fui, venci, perdi. E daí? Estou de volta pro meu aconchego! E pra minha pipa! Go, menino Lyoto! Boa pelada!
www.ray-vale.blogspot.com

segunda-feira, 15 de junho de 2015

FILHOS X PAIS: A BALANCA DESIGUAL


A maioria dos filhos não sabe ou não vê, mas todos os que nasceram e continuam respirando, receberam muito de seus pais. Por mais que reclamem que foi pouco ou que foi tosco o que receberam. Como se receber de presente o dom da vida já não fosse uma grande dádiva!
Na balança do dar x receber, filhos sempre ficam no prato de baixo. Para Bert Hellinger, eles só equilibram a balança quando tem seus próprios filhos; ou quando se dedicam a boas causas em favor dos filhos alheios.. Principalmente os que foram cuidados , nutridos, escutados e afagados. Esses tem muito o que devolver. Poucos estão atentos. Felizes os que atravessam essa matemática desigual. Saudáveis por si mesmos e pela descendência.
Mesmo aqueles que apenas nasceram e nada mais tiveram de quem os gerou... No mínimo, houve a permissão à manifestacão da vida neste plano. E isto é muito grande!
15/06/2015