domingo, 28 de junho de 2015

PARE AGORA, LYOTO! VÁ VIVER...

PARE AGORA, LYOTO! VÁ VIVER...
Lyoto é uma alma nobre, espiritual e sensível. Nunca entendi sua entrada nesse mundo selvagem, de pessoas e valores tão diferentes dos que ele sempre cultivou. Assim mesmo sempre o apoiei, sem julgamentos ou avaliações. Detesto a luta, mas amo o lutador. A admiração e a confiança que tenho na sua integridade e bom senso, foram a senha para que respeitasse o caminho que escolheu. Ele saberia a hora de parar. Tomara seja logo!
Lyoto já viveu o seu sonho de criança, quando acordava de madrugada, driblando a vigilância da família pacífica e bem formada, para assistir os “telecatch” da vida, sonhando ser um daqueles monstrengos que, naquela época, apenas fingiam bater, em cenas de pseudoviolência e escancarado pastelão. E quando cresceu, como é da sua índole, correu atrás do desejo da sua criança.
Mas... me permito dizer agora: definitivamente, Lyoto não cabe mais nesse mundo sangrento, que não finge ferir, fere mesmo! Ok. Ele já viveu a experiência que desejou viver. Se o universo dos chutes e socos letais sempre foi violento, cada dia se torna mais perigoso e distante da alma de Lyoto. Hoje, mais que antes, é um mundo de criaturas anabolizadas, verdadeiros feixes de músculos artificiais, duros e impiedosos como barras de aço. Lyoto não combina com músculos fabricados em oficinas nem sempre éticas. Ele jamais apelaria para meios escusos. Sua marca é a disciplina e a disciplina. Seu recurso maior, a meditação e uma alimentação super equilibrada, sob orientação técnica, e amorosamente cuidada pelas mãos de alguém tão disciplinada quando ele – sua mulher. Essa tarefa ela não delega a ninguém. Seus pratos balanceados vem da alquimia de um amor incondicional e de um cuidado irrestrito, quase espartano. Como misturar o Lyoto dos sucos verdes, das fibras integrais, do cardápio ao óleo de coco, com aqueles homens mecânicos, cyborgs contemporâneos?
Vá viver, Lyoto! Você já atendeu ao seu desejo de menino! E já ofertou o que podia àqueles que admiram apenas o lutador. Esses só lhe festejam na vitória. São impiedosos quando o jogo vira. Agora aproveite os que amam o homem, o SER, o cidadão comum, que perde e ganha nos jogos da existência, que erra e acerta; volte a viver sua alma brincalhona, aprontar suas conhecidas “pegadinhas” de mau gosto com os amigos. Vá comer seu bife com batata frita e tomar um suco nutricionalmente incorreto, cheio de açúcar, aqui e ali, como qualquer menino piolhento e de pé sujo. Deixe o mundo dos homens que se esqueceram de si mesmos e vá ser um pouco o moleque de joelhos escoriados de alegria. Seja menino de novo! E diga aos outros meninos, esses sim, iguais a você: fui, venci, perdi. E daí? Estou de volta pro meu aconchego! E pra minha pipa! Go, menino Lyoto! Boa pelada!
www.ray-vale.blogspot.com

13 comentários:

  1. A Senhora escreve muito bem, gostaria de ter uma sogra assim rs... parabéns pelo texto! Percebo um cuidado de mãe para com o Lyoto.

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    1. Você merece uma sogra assim... ou melhor. Que peninha que está sem dono! rsrs

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    2. Lyoto luta hoje, e isso me fez lembrar deste texto rs.

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  3. Texto magnífico! Me lembrou a canção "Sem Fantasia", do Chico Buarque! Parabéns, Ray do Vale! E você, menino Lyoto, vá ser feliz pois perder não é ser menor na vida! Abraço a todos!

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  4. Só entende quem lê com o coração... Obrigada.

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  6. Excelente o texto. Discordo da análise do esporte porque sou fã e acredito que tenham encontrado o equilíbrio. Hoje o MMA é totalmente diferente da barbárie que era nos seus primórdios. Há riscos, obviamente, como em qualquer outro esporte de luta: carate, judô, boxe... Embora não o conheça pessoalmente, tenho sempre a impressão, com base no seu comportamento e nos testemunhos de pessoas do meio que convivem com ele, de que o Lyoto é exatamente como a senhora o descreve: uma pessoa de bem e concordo que está na hora de parar. Ele não tem mais nada a provar e é, sem dúvida, um vitorioso. Um abraço e parabéns novamente pelo texto.

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  9. Olá Harry! Seu comentário estava repetido e eu deletei a repetição.

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