segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

MULHERES E HOMENS vs HOMENS E MULHERES


Outro dia, encaminhei via e-mail, a amigos e amigas, um texto que tem circulado na internet chamado “Carta de Amélia”. É uma sátira bem humorada, aparentemente escrita por uma mulher (desconheço a autoria) que, no auge da sua correria louca, vencendo o dia a dia de cidadã moderna e emancipada, faz comparações jocosas da sua vida "bem sucedida" com a vida simples e sossegada de suas avós. Minha intenção era apenas compartilhar um texto delicioso, engraçado e muito bem escrito.

A inocente Amélia causou rebuliço entre as mulheres a quem enviei. Algumas reagiram com respostas indignadas, empunhando robustas armas verbais. Enfrentaram-me, valentes, usando argumentos a respeito da histórica dominação masculina sobre a mulher. Desancavam, com paixão, o “texto idiota”. Quase ouvia me acusarem: “Que decepção! Machista e traidora!”.

Está evidente que a indignação dessas mulheres não é gratuita, nem infundada. Nossa história guarda feridas profundas na trajetória da condição feminina, cujo desenho ainda está marcado com fogo na carne da civilização. Mas não é esta a reflexão que me proponho a fazer neste momento. Tratarei desse foco em outro texto.

Quero aqui extrapolar a análise pura e simples dos efeitos visíveis da separação, e ir mais fundo, mais próximo de onde isto começa. Os e-mails de minhas amigas me levaram a refletir sobre a polarização que se estabeleceu em nosso mundo entre o masculino e o feminino. Há uma imagem de massa, construída socialmente, que coloca homens e mulheres em campos opostos, como inimigos que se ameaçam. Basta olhar as piadinhas que circulam na internet, os temas que inspiram programas de humor, as alfinetadas e recadinhos postados nas redes sociais, onde homens e mulheres desqualificam-se mutuamente com gracinhas e chistes maliciosamente sem graça.

É fácil perceber que, de modo geral portam-se como num front, batem-se de frente, armados como numa guerra. Confrontam-se nas coisas mais simples, como nas mais complexas: quem ganha mais, quem é mais letrado, quem dá banho na criança, quem é mais carinhoso, quem lava a louça, quem educa melhor os filhos, quem lembra as datas, quem controla o orçamento, quem é mais gordo, mais magro, quem tem o melhor emprego, quem tem mais amigos, quem é mais, quem é menos, quem fala, quem cala (rangendo os dentes!). Atentem que não estou falando de uma saudável divisão de tarefas. O assunto aqui é o embate para decidir quem pode mais!

É uma espécie de luta perene, um “MMA” sem juiz e sem marcação de tempo para cada round, onde cada um se ilude, tentando levar a melhor. O que frustra e cansa é que nesse jogo ninguém ganha, ninguém leva o cinto. É nocaute duplo, quando não múltiplo, porque os socos e chutes sobram para os filhos, num autêntico e triste “VALE TUDO!”.

Como nas lutas dos “octógonos” da vida, cada um exibe músculos e carrancas. Em muitos casos, só se olham porque precisam estar atentos aos golpes que virão do adversário, ou para intimidá-lo com a promessa de um golpe mais duro. É como se, no fundo, cada um acreditasse que o outro quer mesmo é tirar sangue de seu supercílio.

É claro que existem relações boas e saudáveis. Conhecemos muitas. São pessoas que se reconheceram nas suas humanas dificuldades e, em se reconhecendo, conseguiram reconhecer e respeitar a singular humanidade do outro.

O curioso e contraditório é que a maioria dos homens e mulheres que vão aos consultórios psicológicos, ou que buscam outro tipo de aconselhamento, anseia profundamente por sua realização como homens e como mulheres, através da união com seus parceiros. Paradoxalmente, no entanto, fogem do encontro desejado. Como cada um desconhece suas próprias necessidades, emitem exigências cegas e inconscientes em relação ao outro, impossíveis de serem satisfeitas. Nos subterrâneos do sentimento engendram contendas, inventam necessidades e demandas, criam situações de ódio e agressão, numa clara estratégia para se distanciarem. Fogem do que mais querem. Odeiam o que mais amam.

Para refletirmos sobre essas questões, precisamos considerar que vivemos num mundo de dualidades. Tudo se apresenta oscilando entre, no mínimo, dois polos. Todas as manifestações da vida se expressam em polaridades ou opostos: feio e bonito; alto e baixo; bom e mau; claro e escuro; amor e ódio; saúde e doença; vida e morte; vencedor e vencido, e por ai afora. A cosmologia das religiões, a mitologia e os diversos caminhos espirituais, ao longo dos séculos e milênios, têm construído suas doutrinas, cultos e pregações em conceitos duais: céu e inferno; zonas de luz e de tormentos; anjos e demônios; divindades do bem e do mal. A dualidade se manifesta também na existência dos dois sexos. Isto é presente em toda a natureza.

Mesmo na dualidade, homens e mulheres não são tão diferentes quanto pensam. Todo ser humano tem características masculinas e femininas. Cada homem traz em sua alma o lado feminino de sua natureza, e cada mulher traz dentro de si o lado masculino de sua natureza. Não que sejamos seres de sexualidade indefinida ou neutra. Evidente que não é assim. Ao nascer, cada pessoa manifesta a prevalência de uma ou outra expressão: masculina ou feminina. Tudo na vida encontra o equilíbrio nessas duas energias. Yin e Yang. Ativação e espera. Assertividade e receptividade.

De forma muito simplificada podemos dizer que, durante séculos e séculos o homem suprimiu e desestimulou o desenvolvimento de sua natureza emocional e intuitiva, privilegiando a força e a inteligência. Com as mulheres aconteceu o inverso. Elas tiveram que negar e reprimir sua inteligência, poder e criatividade, privilegiando a intuição e a emocionalidade. Isso perdurou por muito tempo até que surgiram os movimentos de “emancipação”. Significa que o homem e a mulher levaram séculos empurrando para baixo suas tendências “opostas”, sentindo-se inadequados por causa delas.

Onde se manifesta a distorção? Você teme no outro o que teme em você. Por outro lado, o medo de não realizar seu próprio potencial, cria o medo em relação ao outro sexo. É aí que se dá a quebra, instala-se a confusão e o ser humano se divide naquilo em que é mais completo - a unidade consigo mesmo. Dividindo-se internamente, também divide o que está fora. Na essência somos uma unidade, um sistema, com partes harmoniosamente complementares. No estado de iluminação é possível viver assim também com o outro.

A forma como a pessoa se relaciona com o sexo oposto, é sempre um indicador da sua liberdade ou prisão interna em relação à própria masculinidade ou feminilidade. Ou seja, a barreira que se coloca ao reconhecimento do sexo oposto, revela uma barreira similar no que se refere ao próprio sexo. Quanto mais acirrada é a luta, expressa ou velada, contra o outro sexo, maior também será a sua luta contra sua própria condição de homem ou de mulher.

Quanto mais prevenção contra o outro, maior é a prevenção contra si mesmo. Como, de modo geral, não atinamos para o que somos, não aprendemos a confiar em nossa grandeza e divindade. Assim nos mantemos desconectados do “Eu Real” e estagnamos na separação e no sofrimento.

Fragmentados interiormente, não podemos viver externamente a união. Afastando-se do outro, a alma revela o quanto está afastada de si mesma, perdida de sua unidade intrínseca. Já não sabe sobre seu anseio e se distancia da comunhão - consigo e com o outro sexo. (Ray do Vale – JAN 2013)

(Fonte de Consulta: Palestra PATHWORK 062 – Eva Pierrakos).




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CONSTELAÇOES X RECEIO DE EXPOR-SE


Algumas pessoas tem me telefonado e/ou enviado e-mails, dizendo que tem receio/vergonha/medo de participar dos Workshops de Constelações, supondo que precisam expor-se, falar de sua vida e abrir sua privacidade durante o trabalho. Essa crença passa longe da verdade!... Tenho respondido individualmente, mas vou fazer um esclarecimento geral:
1. No trabalho com as Constelações a exposição é mínima. As perguntas que o terapeuta faz são de ordem bem geral, sobre a estrutura da família e sobre acontecimentos marcantes com antepassados. O terapeuta geralmente "corta" se a pessoa quer falar muito ou revelar intimidades da família.
2. O CONSTELADO não fica "na berlinda". Ele e seus familiares são representados por membros do grupo. O constelado fica assistindo, sentado.
3. Em cada Encontro, apenas 2 a 4 pessoas/famílias são consteladas. Estas pessoas inscrevem-se previamente. Não há tempo para todos. Portanto, você só será constelado, se desejar e se estiver inscrito.
4. Mesmo quem não é constelado, recebe os benefícios. É um trabalho sistêmico, cujos efeitos se expandem para o grupo todo. Os depoimentos dos presentes, após o trabalho, são muito expressivos a respeito de se sentirem atendidos em suas necessidades.
5. É um tipo de terapia familiar onde não há necessidade da presença de toda a família. É suficiente a presença de apenas um membro da família.
6. Quem precisar de esclarecimentos adicionais, fique à vontade para perguntar ou pedir bibliografia. Abraços.