domingo, 10 de fevereiro de 2013

MURO

Quando olho a paisagem do mundo,

vejo homens e mulheres caminhando separados,

quais crianças perdidas, disfarçadas de adultos.

Um quer ao outro,

Mas guerreiam na escuridão, sob o comando de vozes antigas -

de gargantas que vomitam pesadelos,

nascidos de que porões ?

Herança cega de remotas imagens.

Imagens de massa, herança sem origem.

Sentimentos emprestados, lealdades a quem antes guerreou.

As mãos que anseiam por unir-se, seguram punhais alheios.

Das bocas ávidas por beijos e afagos,

brotam as duras estocadas do verbo envenenado

Carpindo ódios do passado.

Eu vi homens e mulheres - nem tão diferentes –

chorando sobre travesseiros ensopados de medo.

Medo de chorar no colo da leveza;

depor as armas - e perder o poder...

Que poder?


RAY DO VALE -
Psicóloga Clínica
Belém-Pa

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