sexta-feira, 11 de abril de 2014

MURO

MURO
Quando olho a paisagem do mundo,
Vejo homens e mulheres caminhando separados,
Quais crianças perdidas.
Um quer ao outro, e no entanto,
Guerreiam na escuridão,
sob comandos remotos -
nascidos de que porões ?
Herança cega de vozes anciãs
Vomitando pesadelos.
Sentimentos emprestados,
Lealdades a sofridos amores,
Enterrados em que passado?
As mãos que anseiam por unir-se, seguram punhais alheios.
Das bocas ávidas por beijos e afagos,
Brotam as duras estocadas do verbo envenenado,
Carpindo ódios não se sabe de quem.
Eu vi homens e mulheres - nem tão diferentes -
chorando sobre travesseiros ensopados de medo.
Medo de chorar no colo da leveza;
derreter-se no ombro da inocência;
depor as armas - e perder o poder...
Que poder?

Ray do Vale
www.ray-vale.blogspot.com

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