quarta-feira, 16 de abril de 2014

A CRIANÇA EM NÓS – 1ª. parte


Todos nós, em determinados momentos de nossa vida, agimos e reagimos a partir de uma consciência infantil. Não que sejamos infantis no sentido comum do termo. Mas há, em todas as pessoas, sem exceção, aspectos da consciência que ficaram congelados em memórias da infância. Uma determinada experiência da criança, na relação com os adultos significativos, gerou um choque e a energia vital entrou em colapso, naquele momento. É como uma foto. Não! Não é como uma foto! É como um “retrato”, daqueles antigos, que ficavam na parede a vida toda. Pois bem: esse retrato continuará “enfeitando” a sala da vida, comandando as ações e sentimentos do adulto, de forma inconsciente. São as imagens. Marcam como ferro em brasa. Delas brotam as crenças, que perduram e são poderosas em seus efeitos. Se não forem reconhecidas e trabalhadas podem fazer estragos. Por exemplo, uma menina que viu sua mãe submetida à violência do pai, pode generalizar essa experiência de diversas maneiras: 1) todos os homens são violentos; 2) todas as mulheres bondosas (como minha mãe) sofrem violência; 3) se eu me relacionar com os homens, sofrerei violência; portanto, melhor fugir deles; 4) melhor maltratá-los, antes que me maltratem; 5) vingarei minha mãe, maltratando os homens; 5) nunca serei igual à minha mãe! Comigo vai ser diferente! 6) vou atrair para minha vida homens violentos; assim eu confirmo que todos eles são mesmo maus. E por aí a fora. São apenas exemplos.
Com os homens não é diferente: uma experiência negativa com a mãe, por exemplo, pode contaminar sua relação com todas as mulheres na vida adulta. Este são apenas os exemplos mais eloquentes. Nossa vida é marcada por eventos comuns, corriqueiros, onde quase sempre estão presentes emoções, sentimentos e vozes infantis. Muitas de nossas reações tem essa origem. Em muitas, ocasiões estamos reagindo no presente a um evento do passado. Os sentimentos infantis represados emergem vigorosos e sem controle no momento inoportuno e com a pessoa errada.
A boa notícia é: o que a alma deseja, reeditando as velhas histórias é encontrar a cura para as velhas feridas. Mesmo que faça isto de forma atrapalhada e tosca.
Ray do Vale
www.ray-vale.blogspot.com

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