domingo, 22 de fevereiro de 2015

SER BOM, OU SER “BONZINHO”?


SER BOM, OU SER “BONZINHO”?
Ser BOM é diferente de ser BONZINHO. O bom está presente no seu próprio mundo, sabe dizer NÃO quando o não é adequado e sabe dizer SIM, quando o sim é saudável e positivo - para si e para o outro. Está com o outro, mas está consigo. Ama o outro como a si mesmo. Abre-se ao movimento generoso com o parente, amigo ou qualquer pessoa, sem perder de vista que o outro tem o poder de conduzir sua própria vida. Respeita as escolhas e as crenças alheias e não carrega a arrogância de se atribuir a responsabilidade pelo que não é de sua conta.
O bonzinho vive a fantasia de que é responsável por todos, que tem que agradar sempre, negando a si mesmo; faz o que o outro deveria fazer, empanturra-se de responsabilidades, tem dor nas costas de tanto peso que carrega; orgulha-se de ser o pacificador dos conflitos à sua volta, coloca-se como responsável pela salvação dos que o cercam. Tem a autoimagem idealizada de que é santificado. Geralmente torna-se o “jegue” de parentes aproveitadores, de amigos espertinhos e de quem mais quiser montar.
Essa necessidade de agradar vem de uma fome profunda de ser amado, receber admiração e aprovação. Ele sofre de uma avidez constante de ser visto, considerado, nutrido, cortejado pela sua “bondade”. Carrega na alma necessidades antigas, imagens remotas de abandono e exclusão. Vive com fome do outro. E para receber o alimento que busca fora de si, vende a alma, abre mão do descanso, desconhece suas próprias necessidades.
Pais bons pais criam filhos saudáveis; pais bonzinhos criam dependentes ou tiranos. Amigos bons encontram parceiros; amigos bonzinhos atraem parasitas. Esposas e maridos bons encontram companheiros; os bonzinhos unem-se a déspotas, tornando-se escravos. Filhos bons dão a seus pais o amor e o cuidado devidos a quem lhes deu a vida; filhos bonzinhos expõem-se à exploração, seja de pais, seja de irmãos preguiçosos e comodistas, escorados na bondade faminta do doador sem limites.

Nenhum comentário:

Postar um comentário