domingo, 14 de agosto de 2016

VERGONHA DE SENTIR?


1.Outro dia, uma amiga querida submeteu-se a uma cirurgia muito grave. Desde que recebeu o diagnóstico de câncer de mama, e soube da necessidade da mastectomia, amigos e familiares lhe diziam diariamente: seja forte! Você não pode fraquejar! Se tem fé, não chore! Fique tranquila! E outros "consolos" desse tipo. E vi o seu esforço para mostrar que estava muito bem, tranquila, mesmo diante da iminente mutilação de seu corpo jovem e belo.
2.Ontem vi um programa de TV em que um famoso repórter falava de sua doença: uma síndrome rara, a mesma que matou o ator Guilherme Karan. E ele, cheio de heroísmo dizia enfático: quando descobri a doença, eu tive que ser forte! Não podia chorar diante de meus filhos! Eles tinham que me ver bem! Como eu ia admitir diante deles que estava com medo?
É muito comum quando acontecem situações graves com uma pessoa na família, surgir um jogo de fingimentos de parte a parte: o que adoeceu ou vive o problema, finge estar bem pra não preocupar a família; a família finge que está bem para não preocupar o doente. E a mentira fica no ar. A angústia e o sofrimento represados, também. Tudo é feito com amor e boa intenção, mas todos perdem, porque ficam sozinhos na dor. Está todo mundo bem e todo mundo ensopando travesseiros, na calada da noite. Lembrei de um texto que postei há algum tempo. O título é "SENTIMENTO É PRA SENTIR".
Pra não ficar muito longo, vou publicar novamente, em separado. Quem se interessar, leia.

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