terça-feira, 24 de julho de 2012

BELÉM, BELÉM...

Circula um post no Facebook mostrando uma Belém cosmopolita, cheia de arranhacéus (ainda se chama assim?). Belém sem mangueiras, sem cheiros e sem Nome Próprio, igual a qualquer cidade grande. Nesse post, as pessoas, indignadas querem provar não sei o que aos que pensam que "moramos no meio do mato e pisamos em jacarés". Fico a cismar sobre o porquê da revolta e da vergonha do mato e dos jacarés. É a mesma vergonha dos que dizem: “pensam que somos índios!” e outras bobagens como “ fazer programa de índio”. E não somos indios, negros, amarelos, verdes como a mata? Ou melhor, já não somos, mas fomos; descendemos. Será um “mico” descender das florestas, cuja memória ainda está no inconsciente coletivo?
Não estou querendo exorcizar o progresso inevitável, com suas benesses. Mas, pensando bem: é melhor e mais digna de orgulho uma Cidade onde o vento da tarde já não consegue circular? E onde os cidadãos já não caminham sem medo? (não dos jacarés!...) E onde o sol já não consegue penetrar, senão atravessando frestas entre as buzinas e o concreto? Nada mau que ainda tivéssemos as Florestas e os bichos do mato. Até fico saudosamente feliz quando as pessoas desinformadas pensam que ainda temos tudo isto... Fico calada. Estou longe de assumir uma postura retrógrada, mas também não morro de orgulho dos espigões cheios de luzes, que de há muito ocuparam os espaços dos jacarés, onças, ariranhas, cotias, onças pintadas, araras de todas as cores, antas, furões, poraquês, guaxinins, guaribas peixes-boi... e outros signos do... progresso.
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